CINEMA

Cine Ceará tem noite de abertura com homenagem e crítica à igreja católica

Recém-restaurado Cinema São Luiz volta a ser a casa do festival, que completa 25 anos

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 20/06/2015 às 10:43
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Recém-restaurado Cinema São Luiz volta a ser a casa do festival, que completa 25 anos - FOTO: Divulgação
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O Cinema São Luiz, na Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza, ofereceu todo seu esplendor para a abertura do 25º Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, na noite da última quinta-feira (18/6). Depois de uma reforma que durou cerca de dois anos, a sala de cinema, uma das bonitas do Brasil - ao lado do São Luiz, no Recife, do Odeon, no Rio, e do Capitólio, em Porto Alegre - está com a mesma aparência de sua inauguração, em 1958. Assim como o Odeon e seu homônimo do Recife, o São Luiz de Fortaleza foi construído pelo empresário Luiz Severiano Ribeiro. As duas salas nordestinas foram tombadas e hoje pertencem aos Estados de Pernambuco e do Ceará.

A festa de abertura do Cine Ceará começou com discursos de representantes do governo cearense envolvidos na reforma do São Luiz. Para sorte da plateia, as falas foram até curtas. Quem subiu ao palco do cinema e tinha o que dizer foi o cineasta Halder Gomes, mais conhecido por dirigir a comédia Cine Holliúde. Ele leu uma carta, assinada por mais de 115 realizadores brasileiros, que pede aos ministros do Supremo Tribunal Federal a continuidade da lei do Serviço de Acesso Continuado (SeAC - Lei 12.485/11), criada para dar espaço, na TV por assinatura, às obras nacionais.

Depois dos pronunciamentos oficiais foi a vez da homenagem à Leandra Leal, que recebeu um prêmio especial das mãos da mãe, a também atriz Ângela Leal. Desde criança trabalhando no cinema, na TV e no teatro, a atriz de 31 anos já tem uma obra vasta. Só no cinema já fez 22 dois longas-metragens. "Como filha única, agradeço muito a mãe, que sempre esteve ao meu lado", afirmou Leandra, que está finalizando seu primeiro longa-metragem, o documentário Divinas Criaturas.

A noite foi encerrada com a exibição de O Clube, do chileno Pablo Larraín, que abriu a Mostra Competitiva Ibero-Americano de Longa-Metragem. Premiado como o Urso de Prata no último Festival de Berlim, o filme trata de um tema que está sendo discutido em muitos países, especialmente onde a Igreja Católica tem tradição.

O Clube se passa numa pequena cidade costeira, onde moram padres que foram tirados de seus postos devido a problemas de conduta. Mais em evidência, surge a questão dos padres envolvidos com pedofilia, mas não apenas isso. Entre eles, há os que praticaram vendas de recém-nascidos e os que se calaram diante das torturas durante a ditadura do presidente Augusto Pinochet.

Presente no debate sobre o filme, na manhã de ontem, o ator Alejandro Goic, que interpreta o padre que ajudava nos partos de crianças e as cedia para novas famílias, mas sem o consentimento das mães, disse que o filme é uma metáfora sobre o poder. "O Clube não trata apenas da questão da Igreja Católica, podemos assisti-lo como algo que engloba a política também", afirmou.

O repórter viajou a convite do Cine Ceará

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