Relançamentos

Vanusa tem caixa com álbuns e raridades dos anos 70

Discografia mostra cantora antenada com o que acontecia na MPB

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 26/09/2015 às 7:53
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Discografia mostra cantora antenada com o que acontecia na MPB - FOTO: divulgação
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Vanusa Santos Flores, mineira de Cruzeiro (classe de 1947), foi descoberta no final de 1966, em Belo Horizonte, e contratada para cantar na TV Excelsior, em São Paulo. Começou a se apresentar ainda sem disco, interpretando parceria inédita de Carlos Imperial e Eduardo Araújo: Pra Nunca Mais Chorar (que tem uma curiosa semelhança, inclusive nos backing vocals, com Well Take Our Last Walk Tonight, sucesso, em 1966, com o Sir Douglas Quintet).

Prática já comum na época, artistas de uma emissora não participavam de programas de concorrentes. No entanto, Pra Nunca Mais Chorar foi um sucesso grande demais para ser ignorado pela mais importante TV brasileira. Vanusa foi convidada para fazer o Jovem Guarda, na TV Record. Só participaria de mais uma edição do JG, exatamente a despedida de Roberto Carlos. Entregue a Erasmo Carlos e Wanderléa o programa soçobraria e afundaria em 1968. Vanusa lançou apenas um álbum que pode ser encaixado na prateleira do iê­iê­iê: o primeiro LP, saído em 1968. A rigor, o disco tem poucas afinidades com o rock da JG. Até 1979, a cantora lançou discos que estão mais próximos da MPB, acompanhada por músicos do primeiro time, e composições de alguns dos mais importantes autores da época.

Militou, portanto, pouco mais de um ano como ídolo da "música jovem". Mas, ainda hoje continua sendo lembrada pelo seu maior sucesso ­ ou, pior, pelo vexame com o Hino Nacional. A maioria da sua discografia, mesmo álbuns relativamente recentes, nunca foram relançados em CD. Ela é uma das vítimas das coletâneas sem critérios, jogadas nas lojas em preços promocionais. "Ela chegou tarde para a Jovem Guarda, como tantos que chegaram em 67 e 68. Embora esses, a rigor, não sejam artistas da JG, foram adotados pelo público da JG e isso pesou nas décadas seguintes ­ pro bem e pro mal", comenta o produtor e escritor carioca Marcelo Fróes, autor de uma história de uma elogiada história da Jovem Guarda.

Responsável pelo Discobertas, selo carioca que vem prestando um serviço inestimável à MPB, em sistemáticas reposições em catálogo de álbuns esnobados pelas gravadoras, Fróes reeditou os oito LPs de Vanusa saídos nos anos 1960 e 1970: "Muitas vezes, realizei projetos para relançar coisas que eu gostaria de ter achado pra comprar. Preferia ter tido o prazer de comprar a discografia remasterizada de Vanusa, porque é uma das grandes cantoras dos anos 70. Como não tive esse prazer, meu prazer é o de proporcionar isso aos fãs, colecionadores e à memória nacional", explica. Os discos vêm em duas caixinhas. A primeira, compreendendo os anos de 1967 a 1973), a segunda, de 1974 a 1979) ­ cada qual com quatro álbuns, com reprodução das capas originais, incluindo textos e faixas extras, pinçadas de compactos, todos devidamente remasterizados.

(leia matéria na íntegra na ediçã impressa do Jornal do Commercio)

 

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