Honraria

Naná ganha hoje título e doutor honoris causa da UFRPE

Músico se recupera de doença, e já trabalha na abertura do Carnaval

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 09/12/2015 às 13:02
foto: JC Imagem
Músico se recupera de doença, e já trabalha na abertura do Carnaval - FOTO: foto: JC Imagem
Leitura:

"Um choque de emoções", define, rindo, Naná Vasconcelos a coincidência de ter recebido no hospital o anúncio de que receberia o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), numa indicação do Núcleo de Estudos Afro­Brasileiros (Neab ­ UFRPE). A boa notícia lhe chegou com o descobrimento de um câncer pulmonar, que vem sendo combatido desde o início de setembro: "O título vinha tramitando há dois, tem toda uma burocracia para que possa ser concedido, Patrícia, minha mulher, já estava sabendo, mas não me contou nada".

Sobre a doença, ele soube ao fazer um exame de rotina. O tratamento à base de radioterapia já terminou há 20 dias, confirma o músico, que volta ao hospital um dia depois de se tornar Doutor Honoris causa para ser examinado pelos médicos. Ele continuou trabalhando durante o tratamento dentro das possibilidades que sua saúde permitia. Quando conversou com o Jornal do Commercio estava vindo do estúdio, onde trabalhava na trilha de um balé. Sua agenda está ocupada por apresentações e projetos variados, dois deles incluem dois músicos que estão sempre presentes em sua trajetória, o fluminense Egberto Gismonti, e o americano Pat Metheny, e um especial para a TV Globo, que ele ainda não detalha.

Porém a prioridade de Naná Vasconcelos fixa-­se num projeto ao qual se dedica há uma década, a abertura do Carnaval do Recife. Os já tradicionais ensaios começam em janeiro. As conversas com a secretária de Cultura, Leda Alves, já foram iniciadas: "Ela me disse que o prefeito pediu que eu convidasse os caboclinhos para a cerimônia, a fim de dar uma maior exposição a ele, que estão em dificuldades. Vou ver como se pode conciliar o maracatu com o caboclinho, manifestações distintas. Mas o caboclinho merece, é um coisa muito rica e as pessoas sabem muito pouco sobre eles".

Naná adianta os nomes de Lenine, e portuguesa de ascendência cabo­verdiana Sara Tavares, mantendo a tradição de sempre incluir música africana no show de abertura do Carnaval, em que reuniu grupos de maracatu nação, que nunca antes haviam se exibido juntos. O título honorífico que lhe será concedido pela UFRPE será o primeiro na lista de prêmios e honrarias recebidas por Naná em um carreira que chega aos 50 anos em 2016, contando a partir de sua descoberta do berimbau, em 1966, quando participou do musical Memória de Dois Cantadores, com Teca Calazans, Marcelo Melo (Quinteto Violado) e o baiano Edy Souza (que adotaria o nome artístico de Edy Star). À universidade Naná Vasconcelos irá de terno e gravata, mas logo depois da cerimônia, troca as roupas europeias por trajes afro e apresenta um concerto solo de berimbau: "Não vou fazer discurso, então toco meu berimbau, é como sei me expressar melhor".

Últimas notícias