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Marcelo Jeneci desnudando as canções ao essencial delas

Um paulista que botou a pequena Sairé no mapa pop do país

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 08/05/2016 às 1:15
foto: dibulgação/Daryan Dornelles
Um paulista que botou a pequena Sairé no mapa pop do país - FOTO: foto: dibulgação/Daryan Dornelles
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Marcelo Jeneci faz o voo mais ousado de sua carreira em Jeneci Solo, que apresenta hoje, às 18h e 20h, no Teatro de Santa Isabel. No palco, apenas ele e piano, sintetizador ou sanfona, os instrumentos que domina. Um voo que está apenas começando. Ele estreou em Belo Horizonte, fez Rio e São Paulo, e veio para o Nordeste: Maceió (sexta), Caruaru, (sábado), e chega ao Recife. "Acho interessante viver essa situação de ultraexposição, com liberdade musical absoluta no palco. Isso num momento em que me sinto seguro pra encarar um show sozinho, onde também posso mostrar ao público a célula mais íntima da minha criação, botando uma lupa na estrutura e no essencial da minha canção. Muitas vezes como elas vieram ao mundo", define Jeneci.

Garoto pobre de periferia de São Paulo, que viveu até o começo da adolescência em Sairé, no Agreste pernambucano, Marcelo Jeneci conta que passou anos sonhando em ter um piano e chegou a ele graças a uma sanfona que lhe foi emprestada por Dominguinhos. Ele estava com quatro anos quando o pai notou que o filho tinha inclinações para a música. Como trabalhava como luthier de teclados, sobretudo sanfona, construiu um instrumento para ele, de poucas oitavas, emulando o som de órgão Hammond: "Eu estava com quatro anos, morava na periferia de São Paulo. Foi nesse órgãozinho que comecei a tocar as primeiras melodias. Passei até os 17 anos numa cisma por um piano. Tinha crises de choro porque não conseguia um", confessa.

Estava com oito anos quando um amigo do pai, músico, notou a ânsia do menino por um piano e encontrou uma solução inusitada. Com um estilete, talhou teclas numa penteadeira, que pertencia à avó de Jeneci, com consentimento dela: "Ele me disse pra eu ir treinando num método que me deu, assim ficava com mais músculos, para quando tivesse um piano". Jeneci conta que fez os exercícios. Com 13 anos tornou­-se músico profissional: "Quando conheci Dominguinhos, ele me emprestou uma sanfona.

Algum tempo depois, Chico César me convidou para fazer uma turnê. Comecei a tocar com ele no auge de Mama África. Fizemos vários países. Juntei dinheiro para pagar a sanfona. Fui pagar a Dominguinhos, mas ele não quis receber. Com aquele dinheiro eu comprei um piano". Ele conheceu Dominguinhos e alguns dos principais sanfoneiros do Brasil através do seu pai, Manoel Jeneci, que desenvolveu um captador para o instrumento, que se tornou referência. Foi outro sanfoneiro, Oswaldinho, que descolou para ele o primeiro trabalho: fazer trilhas para mensagens fonadas. Depois passou para bandas de duplas sertanejas, como Milionário e Zé Rico.: "Depois de Chico César, toquei com Zé Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Arnaldo Antunes: "Foi uma coisa bem natural, participei de projetos de várias pessoas legais, até que chegou o momento de fazer meu próprio projeto".

(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio)

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