Trilha sonora

Big Jato tem trilha com Jards Macalé e com o lendário Os Betos

DJ Dolores presta homenagens ao rock pernambucano dos anos 70

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 14/06/2016 às 8:46
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DJ Dolores presta homenagens ao rock pernambucano dos anos 70 - FOTO: foto: divulgação
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Para se saber de quantas trilha sonoras já participou Helder Aragão, DJ Dolores, recorra ao site djdoloresmusic.com. Ali está quase toda a música que criou para cinema, disponível para ouvir ou para download. A mais recente está engatilhada para ser disponibilizada, e foi composta para o filme Big Jato, de Cláudio Assis, baseado no livro homônimo de Xico Sá, que estreia no circuito comercial quinta­-feira.

Assim como aconteceu com três últimas trilhas de DJ Dolores, a mais nova foi premiada, desta vez no Festival de Cinema de Brasília, no ano passado: "Descobri que criar trilhas é um trabalho bem mais interessante do que fazer shows", diz Dolores, que em Big Jato foi muito além de criar música incidental ou compor canções depois de assistir ao filme. Parte da trilha foi feita durante o processo de realização do filme para Os Betos, um grupo que ao mesmo tempo é uma homenagem ao rock pernambucano dos anos 70 e uma viagem pessoal dele:

"Quis fazer uma homenagem à velha guarda do rock que foi feito aqui, e que eu curto, e Laílson foi uma ótima escolha porque ele canta muito bem, até falei isso pra ele no estúdio. Mas queria que as letras ficassem ininteligíveis, como se fosse alguém do interior que canta numa língua que não entende e inventa o que lhe vem à cabeça", diz DJ Dolores. Ele fez uns esboços das canções e mandou para que Laílson de Holanda completasse ao seu jeito. Cartunista premiado em salões importantes, publicitário, Lailson também é músico. Com Lula Côrtes gravou um disco histórico, Satwa, em 1973, que deflagrou a série de álbuns do udigrúdi pernambucano. A sugestão caiu numa praia que Lailson de Holanda domina muito bem, o rock da década de 70:

"A produção do Big Jato me ligou ainda em 2014 dizendo que o filme tinha umas músicas tipo Beatles que Dolores estava compondo, e se eu toparia cantar nelas, e aparecer numa ponta no filme. Claro que topei. Aí Dolores entrou em contato dizendo que as músicas não tinham letra, que eu inventasse. Então, em quatro dias, escrevi as quatro letras que são uma mescla de inglês, português e seilaoquês, e incluem uma homenagem a Mauro e Quitéria: cada uma tem um Blesk, um Flesk e outros esks como Mauro cantava. Colocamos a voz em cima da base que Dolores tinha feito e estavam prontos Os Betos", esclarece Lailson, recorrendo à dupla de cantores de rua, Mauro & Quitéria (já falecidos) que inspiraram o álbum Õ Blesq Blôm (1989) dos Titãs.

Os Betos, tal como aparecem no filme, são formados pelo citado Lailson de Holanda, Erasto Vasconcelos, Xandinho (do Má Companhia) e Hugo Lins. No estúdio DJ Dolores trabalhou com seu parceiro mais constante, Yuri Queiroga, mais Jam da Silva, Leo D (Mundo Livre S/A). A trilha tem a estreia da parceria DJ Dolores com Jards Macalé: "Na verdade é uma música sem título. Conversei com Macalé por telefone e ele topou fazer letra para um tema que mandei pra ele. O filme é sobre o amadurecimento do personagem, e é disto que a letra fala, de mudança", comenta Dolores sobre o baião feito com Macalé, que acabou ganhando o nome de Big Jato.

Big Jato é também o titulo da faixa em que Mateus Nachtgaele fala em cima de uma instrumental, que lembra clima de filme de Quentin Tarantino, uma espécie de jingle para a Big Jato (uma empresa de limpar fossa). DJ Dolores diz que a trilha fica mesmo no digital, não tem previsão de disco físico, mas vai ter um clipe com os impagáveis Os Betos

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