Lançamento

Xico Bizerra exercita versatilidade de estilos no 11º álbum

Compositor abre-se para novas parcerias e intérpretes

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 05/07/2016 às 7:51
foto: Fernando da Hora
Compositor abre-se para novas parcerias e intérpretes - FOTO: foto: Fernando da Hora
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Xico Bizerra, ao longo dos anos, tornou­-se uma espécie de Paulo César Pinheiro nordestino. Letrista inspirado e fecundo, com parcerias firmadas com dezenas de nomes importantes. Para melodias enviadas por Dominguinhos, por exemplo, escreveu letras suficientes para um disco inteiro, Luar Agreste no Céu Cariri (2013). E ainda sobrou parceria, incluída no álbum Valsas, Canções e Tudo o Mais que Há, álbum duplo que ele lança hoje na Passa Disco, a partir das 19h, com participação da maioria dos intérpretes que está no projeto, o 11º álbum, desde 2002, quando foi lançado o Forroboxote 1 ­ Nico di Pádua e Serginho Luz Cantam o Forroboxote.

"Este é o primeiro em que não coloquei a marca forroboxote, porque é diferente de tudo o que fiz até agora, diz Xico Bizerra, que dividiu o disco em temas. O primeiro intitulou O Mais Íntimo de Mim, o segundo, Um Amor Maior que Imenso. O encarte é ilustrado pela foto do neto, Bernardo (de Mariana sua filha), simbolizando o conceito mais amplo de amor, o incondicional. Ele levou um ano e meio na montagem de Valsas, Canções e Tudo o Mais que Há que ­ já uma característica dos discos do projeto ­ chama atenção pela embalagem refinada (com arte assinada por Humberto Araújo e Paulo Rocha, e fotos de Dulce Bezerra).

"Originalmente seria um disco simples, só valsas e canções, mas terminou entrando samba, choro, blues e fado. Aí tive que acrescentar o complemento ao título, mas tudo sem prejuízo da essência do trabalho, minimalista, no máximo três instrumentos em cada faixa, privilegiando a voz e a palavra ­ a letra", explica o compositor. A comparação com Paulo César Pinheiro surge por Xico Bizerra ser também um artesão das palavras e, assim como o poeta carioca, um dos raros letristas cujo nome se destaca qualquer que seja o autor da música:

"Na verdade, eu me valho mais da transpiração do que da inspiração. Minhas letras saem na base do suadouro. Quase todas deste álbum foram feitas especificamente para ele. Claro que às vezes vem tudo na hora. Se Tu Quiser, por exemplo, eu ainda trabalhava no Banco Central, escrevi a letra depois do almoço e eu mesmo fiz a melodia", conta Xico Bizerra, citando sua composição mais bem sucedida, com 198 gravações diferentes oficialmente contabilizadas":"Acredito que haja muito mais, com esta coisa de estúdio em qualquer pé de escada é impossível controlar".

Xico Bizerra diz que evita fazer letra e música, preferindo colocar letra em melodias de amigos: "Mas tenho algumas em que fiz as duas coisa. Tenho um teclado pequeno em casa, de vez em quando faço umas harmonias, umas coisas nele, mas não toco quase nada. Porém, curiosamente, minhas músicas mais conhecidas foram feitas sem parcerias. Dá até vontade de investir mais na melodia" comenta o compositor, que incluiu Se Tu Quiser neste disco, com interpretação de Gonzaga Leal: "Esta entrou por uma solicitação de Maria da Paz, que me disse que Gonzaga Leal gosta muito desta música, e como me dou muito bem com ele, cedi, porém procurei dar uma roupagem bem diferente, com clarinete, clarone, piano, acho que ficou bem bacana", explica Xico Bizerra.

PARCEIROS

Bem­vindas parcerias No novo álbum, a pernambucana Maria da Paz tem doze parcerias com Xico Bizerra (já fez 40 músicas com ele), enquanto Chico Cesar e Juliano Holanda são estreantes: "Ampliei as parcerias, e conservei os parceiros antigos, não apenas na composição também nas interpretações," diz Xico. Ao lado de Maciel Melo, Irah Caldeira, Geraldo Maia e Kelly Rosa, ele é cantado por uma nova geração do canto pernambucano como Luiza Fittipaldi, Ayrton Montarroyos e Almério, e por intérpretes que atuam no Sudeste como Alaíde Costa, além de Elba Ramalho e de Dominguinhos, em gravação que não entrou no disco que lançaram em 2013.

Xico Bizerra expandiu o disco para gêneros aos quais ele descobriu aptidões insuspeitadas, como Romance do Senhor Fado com a Moça Canção do Pajeú (com Maria da Paz), a junção entre a música lusitana e a do sertão brasileiro. As intérpretes são a paraibana Sandra Belè e a portuguesa Rosa Madeira. A primeira gravou no estúdio Promix, em João Pessoa, e a outra, no Paulo Ferraz Studio, na Ilha da Madeira. Ou ainda a levada latina de Quase Silêncio (com Juliano Holanda), numa excelente interpretação de Almério. Para os que conhecem Xico Bizerra, que domina tão bem a linguagem do forró, certamente estranhará, mais do que o fado, ouvir um sambão de quadra composto por ele e Maria Da Paz, Quando a Dor, com um ótima interpretação de Wilma Araújo, com arranjo de Jorge Simas.

Eternamente Nós é a parceria inédita com Dominguinhos, que iria entrar no álbum, mas ficou de fora a pedido do sanfoneiro: "Ele queria que Guadalupe gravasse primeiro, como ela não gravou, coloquei neste repertório", explica. O compositor também não fez por menos nos músicos que participam do álbum, pondo abaixo barreiras entre gerações. Estão aqui o sax de Spok, o baixo de Walter Areia, as cordas de Juliano Holanda, o violão de Vanutti Macedo e o piano de Jorge Aragão.

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