Samba de Bamba

Ana Costa, bamba do samba, Canta Martinho no Caixa Cultural

Sambista carioca participou da revitalização da Lapa

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 26/07/2016 às 10:18
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Sambista carioca participou da revitalização da Lapa - FOTO: foto: divulgação
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A carioca Ana Costa dá continuidade ao projeto Samba de Bamba, hoje no Caixa Cultural, no Bairro do Recife. Ela é um dos nomes de destaque do samba atualmente, mas não é exatamente uma novata. Está na estrada desde o começo dos anos 90, fez parte dos grupos Coeur Sambá (com os filhos de Martinho da Vila) e Roda de Saia. Gravou disco com ambos.

Com o Roda de Saia fez dois (parte do repertório assinado por ela), e com o Coeur Sambá um álbum. Em seguida integrou, durante dois anos, a banda de Martnália, da qual saiu para gravar o primeiro álbum solo, Meu Carnaval (2006). Vieram depois Novos Alvos (2009), Hoje é o Melhor Lugar (2012), e o quarto disco, e primeiro DVD, Pelos Caminhos do Som ­ Uma homenagem a Martinho da Vila, a base do repertório que ele apresenta em seu primeiro show no Recife:

"Adoro a cidade, mas só fui aí no Carnaval, como convidada de Gerlane Lops. Sei que o samba aí está bem movimentado", comenta a sambista em conversa por telefone. Numa época em que intérpretes empregam a expressão "interface" para adjetivar a facilidade com que variam o que cantam e gravam, Ana Costa define­-se como sambista: "Gosto de cantar sambas, não penso em gravar outros gêneros, as pessoas hoje estão fazendo muitas coisas diferentes. Martnália faz isso, Tereza Cristina gravou com uma banda músicas de Roberto Carlos, tudo bem, é a praia delas", diz a cantora que se apega ao samba tradicional, com incursões pela lusofonia, mais uma influência de Martinho da Vila, seu padrinho musical.

Registro de show no Centro Cultural João Nogueira, no Rio, o DVD Pelos Caminhos do Som é o desenvolvimento do show Ana Costa Canta Marinho da Vila, de 2013, que foi encorpando até chegar ao formato atual. Um repertório que faz um apanhado da extensa obra do sambista, enfatizando composições menos conhecidas, mas sem esquecer de clássicos como o partido alto Canta, Canta, Minha Gente (1974). Porém ela não vai só de Martinho da Vila, completa o programa, no final do show, com sambas dos mestres Cartola, Dorival Caymmi ou Zé Keti.

A revitalização da Lapa trouxe o samba de volta à vitrine, renovando­o e revelando sambistas, porém, ao mesmo tempo, criou estereótipos. Ana Costa estava na Lapa nos anos 90, quando a movimentação no local era basicamente de rodas de sambas formadas sob os arcos, cartão­postal carioca: "Se você pegar uma lista das músicas que mais tocam no Brasil, o samba vai estar lá embaixo. No Rio, ainda toca o ano inteiro porque tem tradição. Ainda hoje, a roda de samba é o que mantém o samba vivo. A Lapa hoje não é mais a mesma. Não a vejo como um centro de criação, hoje é um ponto turístico, embora tenha bares onde se toca samba, mas o pessoal que fez a Lapa cada qual achou seu caminho e está por aí".

Como a própria Ana Costa achou o dela. Até participar da redescoberta da Lapa, ela cantou em barzinho e, aí, no repertório, valia tudo, sobretudo o que se escutava no rádio. Cantou muita bossa nova. A volta do samba foi também uma reação ao predomínio do pagode romântico, o estilo que mais vendia e tocava na época. Foi quando Ana Costa ajudou a formar o citado Roda de Saia, um grupo de samba formado só por mulheres, nascido na Rua dos Artistas, na Tijuca ( muito citada em crônicas de Aldir Blanc).

Ana Costa no Projeto Samba de Bamba ­ Hoje, 20h, no Caixa Cultural (Av. Alfredo Lisboa, 505, fone: 3425­ 1915, Bairro do Recife). Ingressos R$ 20 e R$ 10.

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