Grande Encontro

Alceu, Elba e Geraldo celebram 20 anos do Grande Encontro

Desta vez, sem Ramalho, os três chegam ao Recife em dezembro

JOSÉ TELES
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Publicado em 11/09/2016 às 8:45
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Desta vez, sem Ramalho, os três chegam ao Recife em dezembro - FOTO: foto: divulgação
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"Na noite de anteontem Botafogo tornou­se capital honorária do Nordeste. Tudo porque Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Alceu Valença promoveram a primeira apresentação carioca do show o Grande Encontro", dizia a abertura da matéria do Jornal do Brasil, de 18 de julho de 1996, sobre a estreia do espetáculo que volta aos palcos, celebrando duas décadas, porém desta vez como um trio, com Elba, Geraldo e Alceu: "Se fosse com o Zé seria muito mais forte, e mais emblemático. Elba falou com ele, outras pessoas falaram, mas Zé não queria mais nem tocar nesse assunto, diz que é um projeto acabado para ele, um ciclo da vida que já passou", conta Geraldo Azevedo, em entrevista por telefone.

O Grande Encontro já teve uma segunda edição, naquela vez sem Alceu Valença. Os únicos que participaram de todos foram Geraldo Azevedo e Elba Ramalho. Porém Geraldo Azevedo parece ser o catalizador do encontro entres este músicos que renovaram a música nordestina e brasileira a partir dos anos 70. Em setembro de 1975, ele e Zé Ramalho, na época morando no mesmo prédio, no Leblon, montaram o show Duetos, com o qual viajaram pelo Brasil e fizeram duas apresentações, de casa cheia no Canecão. Gravadoras, entre elas a Som Livre e a Virgin, se interessaram em lançar o disco do registro do show no Rio, mas não se chegou a um acordo. O show continua inédito.

Dueto deixou folhas e frutos: "Fizemos várias cidades do Brasil. Quando fizemos no Canecão. Alceu e Elba foram assistir, depois foram conversar, e conversa continuou e o Grande Encontro surgiu daquele dueto". Na época eram 80 anos de carreira entre os quatro, o repertório chegou a alongar-­se por três horas e 45 músicas, mesmo assim foi um sucesso sem precedentes para os quatro que chegaram ao Recife vindo de cidades do interior de Pernambuco e da Paraíba:

"Alceu já me conhecia por me assistir no Recife, eu tinha um programa de TV também, ele viu meu programas algumas vezes. Mas nos conhecemos no Rio em 70, em 72 já estávamos fazendo um disco. Conheci Elba em 1974, ou 75 por aí, numa peça, em que ela era atriz e eu fazia música. A Chegada de Lampião no Inferno, de Luiz Mendonça. Terminou que depois desta peça ficamos muito amigos, chegamos a morar juntos. Tinha saído de um casamento. Moramos juntos uns três anos. Mas não éramos namorados, só amigos. A gente mais ou menos começando, um ajudava o outro. No primeiro disco meu, ela faz coro, ela e Alceu. De tudo isso ficou uma grande amizade".Zé Ramalho, primo de Elba, Geraldo e Alceu conheceram durante as filmagens de A Noite do Espantalho, dirigido por Sérgio Ricardo, em Fazenda Nova (PE).

NOVO ENCONTRO
O novo Grande Encontro surgiu mais uma vez de um dueto, desta feita entre Geraldo Azevedo e Elba Ramalho: "Comecei a fazer, em 2014, um projeto com Elba chamado Encontro Inesquecível. Fizemos 20 shows. Então Luiz Niemeyer, era o diretor RCA na época do Grande Encontro, sugeriu que fizéssemos novamente. Alceu queria botar uma pessoa no lugar de Zé Ramalho, mas aí achei que não seria o Grande Encontro. A gente, eu e Elba, tínhamos feito já um Grande Encontro sem Alceu e com Zé. Acho que o grande encontro somos Eu e Elba, porque fizemos uma vez sem Alceu, e agora sem Zé Ramalho. Mas o bom disto tudo, é que Alceu estava a fim de voltar, Acho que é uma coisa muito forte fazer show com Alceu de novo, mesmo sem o Zé".

Em 1996, os quatro reuniram­-se celebrando carreiras que chegavam a duas décadas de Rio de Janeiro, portanto, de Brasil. Quarenta anos depois as mudanças foram mais radicais do que se imaginava na época: "De lá para cá surgiu, por exemplo, a Internet, coisas que deram outra dimensão à carreira da gente. Mas o não mudou é que, depois deste tempo todo, sou cobrado onde vou pela volta do Grande Encontro. Acho que eles também. O Grande Encontro vai haver de novo? A eterna pergunta. Acho que a gente está fazendo agora com mais grandeza. O tempo nos deu muito mais experiência, e por ser um show com banda, ficou bem mais um grande espetáculo, não mais uma cantoria. Na primeira vez eram só violões. Antes cada um cantava sua música, numa ou outra tinha participações, eu fazia umas duas com Elba. Agora é mais todo mundo cantando juntos" comenta Geraldo Azevedo sobe o show que estreia dia 17 de setembro, no Metropolitan no Rio, com ingressos esgotados, e aterrissa no Recife em dezembro.

 

REPERTÓRIO

 

Elba, Alceu e Geraldo não precisaram ensaiar muito para fechar o repertório do espetáculo, que mantém parte do repertório de 1996, até porque estas músicas se tornaram clássicos na obra dos quatro. Mas entra material que foi composto depois daquele tempo, e ainda algumas recentes e ainda não gravadas. "Do primeiro encontro botamos pelo menos umas cinco ou seis músicas, mas com arranjos diferentes, porque estamos com uma banda de suporte muito boa. A gente está jogando músicas novas. Tem uma inédita com que fiz com Elba, mais inéditas minhas. Fizemos um novo arranjo para Me Dá Um Beijo, a primeira faixa do primeiro disco meu e de Alceu. Este grande encontro é mais amplo em termo de tempo", diz Geraldo Azevedo.

Mas reunir a trinca de amigos não é tão fácil o quanto parece. Com as agendas cheias, ele vivem na estrada, e só eventualmente se encontram: "A gente se vê relativamente pouco. Para marcar essas coisas, os escritórios da gente é que fazem a agenda. Mas não é fácil não, a gente se não se encontra muito para o desejo que temos de nos ver. Às vezes converso com Alceu por telefone. Antes de decidirmos por voltar com o Grande Encontro eu estava combinando com Elba pra retomar o show que fizemos os dois". Mais presentes no Recife, e em Pernambuco, nos períodos carnavalescos ou juninos, Elba, Alceu e Geraldo se apresentam durante o ano muito mais fora do estado. Geraldo Azevedo principalmente, que não tem residência fixa no Recife e mora no Rio há 48 anos:

"Minha carreira está muito boa, com muito show. A única coisa negativa é ter muita música nova sem ter tempo para gravar. Mas a carreira está consolidada, pelo Brasil inteiro, tenho trabalhando, até um pouco acelerado. Vejo novas gerações assimilando minha música, meu público renovado. No grande encontro acho que vai ser uma mistura ainda maior. Uma grande parte de jovens, os velhos fãs, eles já não vão tanto aos shows quanto a juventude. Mas vai ter um DVD desta nova etapa, já tem gravadora afim. Não sei até quando faremos esta turnê, por enquanto tem apenas a data de começar".

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