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John Coltrane tem discos dos anos 60 lançados em mono

Caixa reúne parte do que ele gravou na Gravadora Atlantic

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 14/09/2016 às 9:24
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Caixa reúne parte do que ele gravou na Gravadora Atlantic - FOTO: foto: divulgação
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O release da Rhino para a caixa John Coltrane The Complete Atlantic Records in Mono garante que o ouvinte terá uma experiência auditiva semelhante a de quem comprou os álbuns da caixa na época em que foram lançados, com discos como Giant Steps (1960), Bags & Trane (1961), Olé Coltrane (1962), Coltrane Plays the Blues (1962), The Avant­Garde (1966) e o álbum com faixas ­bônus Legacy. A edição em vinil ainda tem dois singles de 7 polegadas de My Favorites Things.

As obras foram gravadas num período de seis anos em que o saxofonista vai transformando sua música a passos gigantes, como diz o título de um dos seus álbuns. Audiófilos garantem que a melhor forma de se escutar estes álbuns é no formato monaural, como estão na caixa. Eles foram relançados em estéreo no box The Heavy Weight Champion ­ The Complete Atlantic Records, que reúne nove discos, dois deles de outtakes. Felizmente os tapes em mono desses álbuns escaparam a um incêndio nos arquivos da Atlantic em 1978.

Giant Steps, primeiro disco em que John Coltrane assina todas as faixas, é um revolução particular do saxofonista, tocando no estilo batizado de "sheets of sound" (grosso modo, camadas sonoras), com sequências de acordes pouco comuns. Um imenso salto para o músico que até então não mostrara todo seu potencial, embora tenha sido fundamental na estrutura de Kind of Blue, de Miles Davis.

A estreia de Coltrane na Atlantic foi um clássico instantâneo, com dois hits, Naima e Giant Steps, e um disco que abriria novas searas no jazz. Com Coltrane, estão três músicos de Kind of Blue: Jimmy Cobb, Winton Kelly e Paul Chambers. Em mono, o disco soa como se tivesse sido gravado com um único microfone, com som mais encorpado, sobretudo a bateria de Art Taylor.

Embora A Love Supreme ou My Favorites Things sejam os discos de Coltrane que todo mundo cita, Giant Steps impressiona. É quase um estereótipo do que se imagina de um álbum de jazz. É mais interessante do que The Avant-­Garde, disco lançado em 1966, mas gravado em 1960, com o grupo de Ornette Coleman: Don Cherry (trompete), Charlie Haden (baixo), Ed Blackwell (bateria) e Percy Heath (baixo em três faixas).

A investida de Coltrane no free jazz chegou às lojas datada, porque o próprio Coltrane tinha desenvolvido outras direções para o jazz. Bags and Trane é creditado a John Coltrane e ao vibrafonista Milt Jackson, que na realidade é mais o dono do disco do que o saxofonista. Jackson, que liderou as sessões que deram origem a este LP, estava na época no Modern Jazz Quartet. Esses temas se tornaram um álbum quando Coltrane já estava na Impulse Records.

Gravado em 1959, o álbum é um dos mais acessíveis da caixa. A faixa que dá título ao disco é bem radiofônica, com ênfase no vibrafone de Milt Jackson. Coltrane Plays the Blues também foi montado quando o músico não estava mais na Atlantic e não foi aprovado por ele. São, na realidade, sobras de My Favorites Things. Olé Coltrane, um dos menos conhecidos álbuns de John Coltrane, certamente tem influência de Sketches of Spain, de Miles Davis, porém é menos sutil ­ Davis recriava a música espanhola com pinceladas abstratas, enquanto Coltrane se adapta a ela. Os discos não tem faixa bônus, felizmente. Elas na maiorias das vezes destoam do repertório origina

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