Percussão

Lucas do Prazeres em busca dos tambores de mundo

Sabado ele e a Orquestra dos Prazeres tocam no Pelourinho, em Salvador

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 18/01/2017 às 10:31
foto: Ricardo Labastier/JC Imagem
Sabado ele e a Orquestra dos Prazeres tocam no Pelourinho, em Salvador - FOTO: foto: Ricardo Labastier/JC Imagem
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[email protected] O percussionista Lucas do Prazeres será uma das atrações da 21ª edição do Panorama Percussivo Mundial ­ PercPan, festival de percussão que acontece em Salvador, de hoje a domingo. Ele irá com a Orquestra dos Prazeres, montada há cinco anos e formada por naipes de instrumentos percussivos, basicamente ilus, alfaias e djembês. Esse não é o único projeto do hiperativo músico, que também se apresenta solo ou com banda: "Recebi o convite para o PercPan em dezembro e vibrei porque tocar lá é um sonho antigo meu. Lá tocaram os meus ídolos, principalmente Doudou N"Diaye Rose, que foi um cara que mudou minha cabeça, grande influência em compor para percussão", comenta Lucas dos Prazeres, citando o músico e griô senegalês, que participou da edição de 1998. Nascido no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, Lucas cresceu numa comunidade ritmicamente muito rica, onde tambores de maracatus e ilus de terreiros de candomblé convivem harmoniosamente, o religioso e o profano que também se encontram em sua música, no espetáculo que arquitetou para a folia que se aproxima e, provavelmente, deverá ir além do período momesco. Chama­se Tambores do Mundo ­ Carnaval dos Encontros. Como o nome avisa, um batuque que vai além de Pernambuco e do Brasil e traz manifestações de outros países como o candombe uruguaio, por exemplo: "Juntei vários ritmos para fazer uma celebração ao cortejo carnavalesco percussivo de rua. Este é um projeto com a Orquestra dos Prazeres, um grupo de palco, que quero levar para a rua, com este o Tambores do Mundo na sexta­feira da semana pré, no Morro da Conceição, com o povo seguindo atrás, não sei se vamos conseguir, mas a ideia é esta", explica. Porém seu projeto mais arrojado é o A Festa da Cultura Popular, que vai do Pífano à Tapioca (sic), um projeto que é o desdobramento de outro projeto, o Patrimônio Vivo ­ Na Estrada do Sempre, idealizado e dirigido por Lula Queiroga, da Luni, exibido pela TV Globo, em 2015. Lucas dos Prazeres foi o mestre cerimônia e repórter que percorreu Pernambuco para mostrar todos os artistas populares contemplado como Patrimônio Vivo pelo governo do Estado: "A Festa da Cultura Popular é uma forma que retribuo o que aprendi naquele trabalho com os mestres. Porém não só aos mestres, também aos patrimônio imaterial, como é a tapioca do alto da Sé de Olinda. Homenageio a tapioca com uma música chamada Tapioqueira, composta por meu pai, Edvaldo Matias, que pra mim é um patrimônio vivo, ele foi do Balé Popular, dançou com Antonio Nóbrega, com o Mestre Meia­Noite", prossegue Lucas do Prazeres. Ele ressalta que Tapioqueira, um coco, faz parte de sua memórias afetivas, ele escuta o pai cantar há muitos anos: "E quando for fazer o show, este com uma banda, ele vai participar como convidado especial".

DVD

Na terça­feira, 24, será lançado, nos sites de Lucas dos Prazeres e da Orquestra dos Prazeres, o clipe Saudação a Xangô, primeiro single do DVD gravado em 2014, bancado por prêmio da Funarte, mas que só deu para o registro do show, realizado no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindú. Lucas diz que tentou o Funcultura, mas não foi aprovado, e agora vai tocá­lo valendo­se de um crowdfunding, com uma pequena ajuda dos amigos da orquestra. O vídeo terá o mesmo nome da do show, Repercutir. Mas uma orquestra percussiva não foi seu passo mais ousado.

Em 2013 ele se atreveu a um show solo de percussão empreitada que só nomes como consagrados feito Naná Vasconcelos se permitiam. Apresentou­se sozinho no mesmo palco do Dona Lindú. O show Repercutir teve participações do Afoxé Alafin Oyó, grupo Sagarana, dos bailarinos Dielson Pessoa, Ana Paula Santos e Jamila Marques. O repertório amalgamou a declamação de Antonio Marinho com a música Zé Neguinho do Coco, homenageado da Orquestra dos Prazeres, com pontos de orixás e versões de canções de Gilberto Gil, Jorge Ben Jor. O filho de Xangô leva para a Bahia de Todos os Santos o Pernambuco dos muitos ritmos.

No sábado, a noite final e mais abrangente do PercPan, com músicos do Congo (Staff Benda Bilili), Espanha (Patax), do grupo afro baiano Muzenza e do sambista, do Recôncavo, Roberto Mendes, Lucas e a Orquestra dos Prazeres, baixam no palco montado no Terreiro de Jesus, tocando maracatu, caboclinho, urso, e frevo, uma síntese do Carnaval do Recife e Olinda, faz também versões de Gilberto Gil, de Doudou N"Diaye Rose e toca com Roberto Mendes, juntando o coco com o samba do Recôncavo. "Na estreia da Orquestra dos Prazeres vamos fazer uma celebração pernambucana na Bahia", promete o percussionista do Morro da Conceição

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