Nos últimos 30 anos como produtor, Afonso Oliveira coordenou cerca de 100 projetos de diversas linguagens, como música, cinema e televisão. A dedicação à produção cultural o “sequestrou” da literatura e da pintura, como conta. Lenta, mas dedicadamente, ele começou a dar vazão a essas paixões adormecidas, que são agora reveladas no livro e na exposição intituladas Curva do Mundo. O lançamento acontece terça (24), às 19h, na Caixa Cultural (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife).
Com 15 obras em acrílica sobre tela e papel, a mostra é um desdobramento do livro de poemas e ambos são inspirados por temas como ancestralidade, diversidade cultural e respeito às diferenças, política, além de observações do autor sobre a vida. As ações comemoram, também, os 50 anos de Afonso.
“O livro surge a partir de 2014. Eu viajei para diversos países. Inglaterra, Coreia do Sul, Japão, El Salvador, Estados Unidos, Equador, Moçambique, França, África do Sul, entre outros. Nesses voos longos escrevia”, lembra. “Em 2016 fui obrigado a ficar em casa durante o Carnaval, Meu filho adoeceu e aí voltei a pintar. A partir daí aconteceram alguns diálogos entre algumas pinturas e os poemas. Posso destacar Rainha do Congo, Beijo, Por um Triz.”
No espaço, os visitantes também vão poder conferir a instalação: Racismo – Tudo Por um Triz, na qual o autor trabalha, a partir da poesia, a situação dos negros no País.
O projeto, para além da literatura e das artes visuais, continuou a dar frutos. Afonso se inspirou nas temáticas trabalhadas poeticamente nas páginas e nas telas para compor novas canções – e foi além delas.
“Quando recebi a revisão do livro ano passado e reli o poema Rainha do Congo, em homenagem a Dona Marivalda, do Maracatu Estrela Brilhante, percebi que poderia ser um Maracatu. Depois, comecei a compor outras músicas. Não mais retiradas do livro. Essas canções foram gravadas por diversos artistas e grupos brasileiros. Resolvi mostrar essa produção artística impressa em minha história de vida e as sensações”, revela.
CLIPE
Rainha do Congo, inclusive, será lançada na abertura e seu clipe foi dirigido por Marcelo Pedroso. Na abertura da exposição, o público assistirá ainda à apresentação de outras dessas composições, que já estão sendo gravadas por nomes como Silvério Pessoa, Quinteto Violado, Dudu Nobre, Nádia Maia, entre outros. Todas as músicas e clipes devem ser lançados até junho de 2020.