Múltiplo

Ocupação Alceu Valença, no Itaú Cultural, celebra obra do artista

Em São Paulo, facetas pouco exploradas por pernambucano serão evidenciadas

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 13/12/2019 às 19:04
Antonio Melcop/Divulgação
Em São Paulo, facetas pouco exploradas por pernambucano serão evidenciadas - FOTO: Antonio Melcop/Divulgação
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O caráter múltiplo da obra de Alceu Valença é muitas vezes esquecido diante da imagem cristalizada nas últimas duas décadas, associada ao Carnaval. Sua mente inquieta, criadora de algumas da canções mais marcantes da música popular brasileira, passeia, para além da música, por diferentes veredas criativas, como a literatura e o cinema, dialogando ainda com paixões como o circo. Foi por isso que quando a equipe do Itaú Cultural decidiu celebrar o pernambucano, a principal diretriz foi a de evidenciar essa pluralidade e apresentar ao público as facetas menos conhecidas do artista. Essas descobertas poderão ser apreciadas a partir de do dia 14 de dezembro, quando será aberta, na capital paulista, a Ocupação Alceu Valença.

A mostra dedicada ao pernambucano é a 48ª edição da Ocupação, série realizada pelo instituto desde 2009 para celebrar artistas brasileiros cujas influências atravessam gerações. Para dar conta da diversidade da obra de Alceu, a curadoria, formada pelos núcleos de Artes Cênicas e de Música do Itaú Cultural, mergulhou nos acervos do músico em um processo intenso de pesquisa.

“Alceu é uma figura forte no nosso imaginário e há imagens que automaticamente vêm à mente. Mas, quando pensamos na Ocupação, que tem como ideia central buscar outros vieses da obra do artista, nos lançamos na pesquisa sem um caminho pré-determinado. Só a partir do que encontramos é que começamos a delinear os eixos que vamos seguir”, conta Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Cênicas do Itaú Cultural. “Apesar de pernambucana e familiarizada com a obra de Alceu, me surpreendeu a força de sua criação nas outras áreas, sua relação com a cultura do interior, a paixão pelo cinema e pelo circo e sua obsessão pelo tempo, que sempre atravessa sua obra”.

A Ocupação, que conta com consultoria de Julio Moura, autor de A Luneta do Tempo – Um Diário dos Bastidores do Filme de Alceu Valença, e com a cenografia de Leopoldo Nóbrega, convida o público a adentrar em uma antessala onde se lê o poema O Tempo, explicitando o lado poeta do pernambucano. Em seguida, há um espaço que evoca o filme A Luneta do Tempo (2014) e onde é projetada a película A Noite do Espantalho, de 1974, protagonizado por Alceu.

No campo do audiovisual, há ainda filmes em Super 8 gravador por ele mesmo, uma obra imersiva em 360º, referências a Olinda, ao Agreste e outros pontos da geografia afetiva e artística de Alceu. Destaque ainda para os depoimentos de amigos e parceiros musicais, como Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, de críticos como José Teles, do Jornal do Commercio, que estará no conteúdo extra na internet, além, de destaque para a discografia de Alceu e conteúdos extras através de QR Code.

Aos 73 anos e cerca de 50 de carreira, Alceu mantém-se instigado com o processo artístico e dialoga com as novas formas de consumo de música. Recentemente, divulgou nas plataformas de streaming o single Eu Vou Fazer Você Voar, o primeiro de uma série de lançamentos que devem acontecer nos próximos meses.

“Vai ser interessante me ver nesta exposição, porque ela fala da minha vida desde os primeiros contatos que tive com a música na infância e passa por todas as fases do meu trabalho musical, no cinema, na escrita”, escreveu Alceu Valença ao JC. “Mas eu mesmo não sei como isso será mostrado, somente sei que a equipe da curadoria, que é do pessoal de cênicas e de música do Itaú Cultural, gastou mais de um ano pesquisando em meu acervo e todos os que existem sobre mim, falou com outros músicos parceiros meus, como o Geraldinho Azevedo.”

NO MUSEU DO ESTADO

Alceu também é tema de exposição no Recife. A Energia dos Doidos, Motor da Imaginação, com curadoria de Rose Pepe, está em exibição há um mês no Museu do Estado (Mepe) e reúne cerca de 20 obras inéditas que abordam as diferentes vertentes do artista e estimulam a interação do público. A visitação da mostra acontece de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e das 14h às 17h, aos sábados e domingos.

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