Eram umas quatro horas da tarde quando o avião pousou em Punta Cana, na República Dominicana. A partir de São Paulo, o avião fez escala em Bogotá, na Colômbia, depois de cinco horas de voo e, rapidinho, seguiu para o balneário (mais duas horas). Depois de passar por controles de imigração demorados como os dos aeroportos da Cidade do México e Nova Iorque (JFK), a agilidade do terminal dominicano já é um sinal positivo de que tudo ali foi pensado para que o visitante deixe o estresse em outras paragens. Esqueceu de pagar a taxa de turismo que custa 10 dólares? Tem nada não, desenrola-se com facilidade.
Na saída, duas coisas chamam atenção: a brisa constante, mas morna, e o alinhamento de balcões que oferecem hospedagens nos resorts que são a própria definição deste destino. Punta Cana é, sobretudo, uma sucessão de hotéis no sistema all inclusive que avançam sobre praias de areias brancas e finíssimas, divinamente decoradas pela água de um tom tão anil, tão anil, que consagrou a definição azul-Caribe.
A República Dominicana, no entanto, mereceu a distinção da cor cerúlea duas vezes: no seu mar e no mineral denominado Larimar. Esta pectolita do grupo dos silicatos, encontrada apenas lá, foi batizada por Miguel Méndez, um de seus exploradores, em homenagem à sua filha caçula, Larissa, em combinação com a palavra mar. A cor justificando a escolha do sufixo. O turista verá a pedra por toda parte – verdadeiras e falsas – sendo vendida na forma bruta ou incrustada em joias.
O comércio e o turismo andam de mãos dadas para impulsionar a economia do país. Não é possível transitar pelas praias ou ruas sem esbarrar em lojinhas de bricabraques variados e vendedores avulsos oferecendo toda sorte de suvenires. A Mama Juana é outro item indefectível e também produto exclusivo deste país, que divide com o Haiti a superfície da Ilha Hispaniola, descoberta em 1492 por Cristóvão Colombo.
A bebida Mama Juana é o que conhecemos por aqui como “garrafada”, sendo o Pau do Índio, de Olinda, uma das mais conhecidas entre nós. Dentro do recipiente de vidro, cascas e ervas são misturadas com rum, vinho tinto e mel. Mas há versões mais exóticas, como aquela que envasa uma seleção de frutos do mar (polvo, mariscos, crustáceos etc.) na mesma infusão. Ambas, supostamente com efeito mais afrodisíacos do que o produzido pelo Viagra, são herança da etnia nativa dos Tainos, praticamente exterminada pelo processo de colonização.
Os resorts são uma inesgotável mina provedora de gente disposta a se deixar seduzir pela promessa de paraíso, especialmente as mentes menos tropicais. Alemães, americanos, holandeses e ingleses (as mais prevalentes entre as nacionalidades de clima temperado) são facilmente reconhecidos por aquele tom rosado que a pele adquire quando submetida a uma incidência solar que lembra o Nordeste brasileiro. Aliás, Punta Cana fará os conterrâneos sentirem-se em casa: coqueiros e águas tépidas se encarregarão disso. Os brasileiros são clientes cobiçados, mas atualmente, segundo dados colhidos pela rede de hotéis Iberostar, o Brasil ocupa o quarto lugar como emissor, atrás da Argentina, Chile e Peru. Já esteve em melhor posição. Segundo Yoanki Rodriguez, diretor de marketing da Iberostar, 2014 foi um ano de glória no receptivo verde-amarelo.
O dominicano acha que tem muito em comum com o brasileiro. E, de fato, tem: a miscigenação imposta pela colonização e exploração de povos africanos e indígenas; o riso fácil, o amor pela música e a hospitalidade.
TUDO INCLUÍDO
Pensem no sistema all inclusive como se hotéis fossem navios, ou seja, uma vez embarcado, o hóspede pode ter certeza de que encontrará toda a diversão que deseja dentro das instalações, se não quiser sair. A receita funciona como mágica para atrair famílias e casais em lua de mel, principalmente pela comodidade de se saber que, uma vez paga a hospedagem, comida, bebida (em alguns casos) e recreação estarão disponíveis praticamente o dia inteiro.
Há resorts para vários orçamentos. Os que ficam no topo, é claro, justificam o preço triplicando a dose de conforto para seus hóspedes. É o caso do Hotel Bávaro, encaixado na categoria Gran Collection da Iberostar, que mima os clientes com serviços de mordomo, jacuzzi no quarto e concierge para reservar um jantar romântico em um dos cinco restaurantes, à la carte e temáticos em torno das culinárias italiana, japonesa, francesa, americana e mediterrânea. O Gran Bávaro aceita hóspedes só a partir dos 18 anos, o que garante um ambiente mais tranquilo, sem a energia típica dos infantes. O tempo lá passado é irmãmente dividido entre mergulhos no mar turquesa, devidamente intercalados com horas de espreguiçadeira e drinques servidos na praia.
Para os que têm perfil ativo, a dose diária de serotonina é garantida com aulas na academia (tai-chi, aeróbica, spinning, dança) e atividades ao ar livre como tiro ao alvo, vôlei de praia, snorkel, parasailing, windsurfe e esqui aquático. À noite, o teatro apresenta espetáculos musicais – uma montagem diferente por dia – e, no bar central, cantores entretêm os hóspedes entre taças de espumante. Dá para entender porque é difícil desembarcar do hotel.
Não que faltem opções de passeios. Aliás, eles são oferecidos em menus, nos birôs do próprio hotel. Um deslocamento de duas horas e meia de carro, por exemplo, leva o viajante à capital Santo Domingo. Um bom guia se encarregará de contar a incrível história desse país já dominado por espanhóis e haitianos. Outra atração favorita entre os que visitam Punta Cana é uma visita à Ilha Saona. A bordo de um barco grande, o trajeto de hora e meia é feito com DJ mandando ver, mais rum e cerveja à solta. Impossível não se divertir.
