Patriomônio

Mercado Eufrásio Barbosa vira complexo de exposições em novembro

Obra está avançada, mas prefeitura ainda vai definir gestão

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 07/05/2017 às 6:45
Sérgio Bernardo / JC IMAGEM
Obra está avançada, mas prefeitura ainda vai definir gestão - FOTO: Sérgio Bernardo / JC IMAGEM
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Dos quatorze equipamentos culturais, entre cinemas, memoriais e teatro que se arrastam, há décadas, em obras e falta de perspectiva, no Sítio Histórico de Olinda, um grande prédio tem, finalmente, para abrir as portas. A reportagem do Jornal do Commercio visitou o grande canteiro de obras em que se encontra o Mercado Eufrásio Barbosa, na entrada da cidade, bairro do Varadouro. “Não devemos ter atrasos no cronograma atual. O mercado deve ficar pronto em novembro”, informa Manuela Marinho, secretária-executiva.

Prédio centenário onde funcionou uma fábrica de doces, convertido em mercado público de víveres e, depois, de artesanato e sede de eventos culturais como shows e prévias carnavalescas, o Eufrásio Barbosa foi interditado ainda em 2006 - o teto ameaçava desabar. Depois de vários adiamentos e polêmicas, o projeto de reforma consumiu R$ 14 milhões do Prodetur, com verbas do Banco Interamericano de Desenvolvimento repassadas pelo Governo Federal para o Estadual, o mercado está próximo de abrir as portas.

Olinda, portanto, deve ganhar um equipamento cultural complexo, grandioso e de difícil gestão. Secretário de Cultura e Patrimônio da cidade, Gilberto Sobral diz que, “em julho, começam as discussões sobre a gestão do mercado”. Com antigas demandas como a reforma da Igreja do Bonfim, também ameaçada e com ordem de serviço para reforma recentemente assinada, o Clube Atlântico interditado e em franca degradação e o Cine Duarte Coelho (em obras há quase cinquenta anos) aguardando, mais uma vez, a finalização da reforma de sua obra física para este ano, a Prefeitura de Olinda não tem, nesse panorama, um plano de gestão definido para o equipamento. Nem dinheiro em caixa para administra-lo.

“Hoje, não temos previsão orçamentária para o Eufrásio Barbosa. Vamos incluí-lo na Lei de Diretrizes Orçamentárias para o próximo ano”, explica o secretário. Com custo médio de R$ 100 mil por mês, o mercado vai custar cerca de R$ 1,2 milhão por ano aos cofres municipais. Olinda não deve ter dinheiro para geri-lo. “Uma das ideias é estabelecer parcerias público-privadas. Repassar o equipamento ou partes dele para administração privada”, diz.

ESTRUTURA

Construído e ampliado entre os séculos 17 e 18, onde funcionara a primeira Casa Alfândega de Pernambuco, o prédio foi, entre 1894 e 1960, a Fábrica de Doces Amorim Ltda. A planta retangular, alvenaria de tijolos, virou mercado de víveres a partir da década de 1960 - sendo progressivamente incorporado à vida cultural da cidade. De shows de bandas e cantores como Eddie, Céu, Otto, Edson Gomes a prévias de blocos como o Eu acho é pouco, o mercado viraria a principal arena para eventos musicais de grande público na cidade. Nos anos 1990, os ensaios com ingresso pago do Maracatu Nação Pernambuco aos domingos viraram uma das atrações permanentes no calendário cultural de Olinda. Não há previsão de que o mercado volte a sediar shows musicais. O uso do mercado para atividades não está no projeto de uso financiado pelo BID.
“A obra não tem tratamento acústico para isso. Mas se a população, através das discussões adequadas, achar que deve haver, teríamos que fazer a adaptação para esse tipo”, ele diz. Com 80 lugares, o pequeno Teatro Fernando Santa Cruz poderá ter shows mais intimistas. “Mas não poderá funcionar ainda como teatro, terá que ser devidamente equipamento antes’, diz o secretário. Embora vá ser entregue sem sonorização, a pequena sala prevista para funcionar como cinema e teatro, vai receber sistema de iluminação cênica básica. A informação é de Manuela Marinho, a secretária-executiva do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo.

EXPOSIÇÃO

Mercado é apenas o nome que o Eufrásio Barbosa carrega historicamente. A partir de sua reabertura, o prédio vai se tornar um museu contemporâneo com pelo menos cinco espaços de exposição. A grande área onde antes ficavam as bancas de peixe, verduras e alguns botecos será destinada a uma grande exposição permanente. Ainda indefinida. “No começo do projeto, havia a ideia de que o espaço recebesse o acervo de arte popular e artesanato da arquiteta Janete Costa. Mas não sabemos ainda se a família teria interesse ainda na doação”, diz o secretário. Uma das possibilidades, ele diz, seria transferir o acervo com os grandes quadros do pintor Bajado hoje dispostos no Palácio dos Governadores, na Ribeira, sede da Prefeitura. Outras quatro salas menores, onde funcionavam uma agência bancária e lojas de artesanato, no sentido da ladeira da prefeitura, serão usadas para exposições temporárias.
No corredor dos fundos do mercado, entre os 19 boxes de artesanato, haverá espaço para duas lanchonetes. No quintal, um grande restaurante com 250 metros quadrados. Na rampa do mercado, sem cobertura, espaço para 52 barracas de feira. O salão principal de entrada, atualmente sendo retelhado, não tem uso ainda definido. “Teremos que redescutir o plano de uso previsto pelo BID”, diz o secretário. “Mas se o uso for muito desviado do previsto no plano, o Estado pode sofrer sanções do BID”, adverte Manuela Marinho.

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