Adeus

Familiares e amigos se despedem de Amin Stepple

Velório do cineasta e jornalista Amin Stepple foi realizado na manhã desta quinta-feira, no cemitério Morada da Paz, em Paulista

JC Online
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Publicado em 26/12/2019 às 14:27
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Velório do cineasta e jornalista Amin Stepple foi realizado na manhã desta quinta-feira, no cemitério Morada da Paz, em Paulista - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Familiares e parentes do cineasta e jornalista Amin Stepple puderam encontrar conforto uns nos outros em sua despedida no cemitério Morada da Paz, em Paulista. Desde às 9h da manhã, familiares, seu filho Diogo e sua esposa Ana Ruth, recebiam abraços e trocavam lembranças sobre a emblemática figura de Amin, marcante em sua trajetória pelo cinema pernambucano desde o Ciclo do Super-8 e também em sua atuação no jornalismo, com passagens pelos principais veículos da cidade. 

Estiveram presentes importantes nomes da área, como os jornalistas Italo Rocha, Paulo André Leitão, Machado Freire, Ivan Maurício e Marcos Cirano, o cineasta Celso Marconi e o escritor Marcelo Mário de Melo. "Tem um poema Ferreira Gullar que diz 'tudo que de mim se perde, a mim se acrescenta', esse é o sentimento do momento. Amin tinha um trabalho valioso, no cinema e no jornalismo. É uma obra que além de valiosa, é permanente, vai perdurar", declarou Marcelo.  

"Amin tem uma história muito forte em tudo que fez, de muita propriedade e fundamental na história. Era forte no jornalismo, no cinema e até em seu trabalho com campanhas políticas dignas. É não só um grande talento, mas também um grande pai de família", afirma Valmar Correa, ex-reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco e cunhado de Amin. Por volta das 11h, os presentes se reuniram para uma cerimônia religiosa, acompanhada por orações e cantos. Ana Ruth aproveitou o momento para falar sobre Amin, seu espírito festivo e o carinho que teve com as pessoas próximas. 

Amigos

A cremação estava marcada para às 12h. Amin tinha 69 anos e recebeu o diagnóstico de câncer de próstata há dois anos. Foi editor-chefe na Globo, comandando o NE2 por mais de dez anos, tendo passagens também pelo Diario de Pernambuco. O jornalista e crítico de cinema do Jornal do Commercio Ernesto Barros, que trabalhou com Amin por anos, relembrou, em suas redes sociais, a vida ao lado do colega. "Para mim, ele era uma espécie de irmão mas velho. Ou talvez eu fosse o irmão mais novo dele. Sempre penso em Amin, com certeza agora mais ainda. Adeus, Amin", declara. 

Já o jornalista, pesquisador, professor e cineasta Alexandre Figueirôa, não pôde comparecer à cerimônia por estar em viagem, mas deixou uma mensagem sobre o amigo. "Amin Stepple foi uma voz ímpar sobre o que se disse e se pensou sobre o cinema pernambucano. No período do Super 8 fez alguns dos filmes mais irreverentes do ciclo local e junto a Geneton Moraes Neto e Paulo Cunha percebeu com perspicácia a transformação de uma bitola para uso doméstico em veículo de expressão de sua geração. Também esteve junto a Fernando Spencer no resgate da memória do Ciclo do Recife e na Retomada do Cinema Brasileiro em Pernambuco, no final da década de 90, foi o pensador e porta-voz do 'árido movie' expressão que definia o que estava acontecendo em termos estéticos naquele momento com a produção local. Seu desaparecimento deixa uma lacuna pelas ideias e visão original com que ele sempre observou as nossas imagens em movimento".

Biografia

Amin veio para o Recife na adolescência e fez jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Amin Stepple trabalhou por 14 anos na Rede Globo, onde foi editor-chefe do NE2 por mais de dez anos. Também trabalhou nas editorias de Cultura e Política do Diario de Pernambuco.

Através de experiências com o cineclubismo, passou a se interessar mais profundamente por cinema até que, em 1974, deu início a uma produção autoral, produzindo seus primeiros filmes em Super-8. Entre suas obras neste gênero, destacam-se: Isso é o que é (1974); Tempo Nublado (1975) e Creuzinha não é Mais Tua (1979).

Em 1976, passou a frequentar o Curso Livre de Cinema no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. De 1982 a 1996, ele atuou na Rede Globo Nordeste onde foi editor-chefe do NE2 durante 10 anos. Entre as décadas de 1980 e 1990, Stepple produziu vídeos como Cinema Pernambucano - 70 anos (1989), História de Amor em 16 Quadros Por Segundo (1989) e That’s a Lero-Lero (1994), filmado em 16mm. O cineasta ainda foi roteirista dos longas Árido Movie (2005) e País do Desejo (2011).

Árido Movie, aliás, é expressão cunhada por Amin Stepple para designar o momento em que explodiu o cinema pernambucano, a partir do final dos anos 90. Amin dirigiu, roteirizou e até se arriscou como ator no curta O Bandido da Sétima Luz (1987), dirigido por Paulo Caldas.

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