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Cuide do seu perfil profissional na web

Com a carta de recomendação caindo cada vez mais em desuso, profissionais devem atentar para redes sociais como o Linked In e praticar o networking

Yasmin Freitas
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Yasmin Freitas
Publicado em 25/04/2016 às 9:50
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Com a carta de recomendação caindo cada vez mais em desuso, profissionais devem atentar para redes sociais como o Linked In e praticar o networking - FOTO: Foto: Domínio Público
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Os mais experientes certamente devem lembrar a sensação satisfatória de receber uma carta de recomendação do gestor quando saíam de uma empresa para outra. O documento, que tempos atrás era emitido para indicar a novas companhias funcionários que se destacavam por seu profissionalismo e boas práticas, foi se tornando ultrapassado para a maioria dos recrutadores. Hoje, o espaço foi tomado por novas formas de divulgação profissional, a exemplo das informações encontradas em redes sociais e do networking.

Na opinião da sócia da Ágilis Recursos Humanos Georgina Santos, a carta de recomendação se tornou muito mais um documento padrão para atestar que determinado trabalhador não teve desavenças com a empresa ou causou problemas de grande porte do que um medidor de competências. “É importante ter a carta, mas ela está longe de se bastar sozinha. Mais interessante é indicar alguém que possa dar referências profissionais sobre você, seja um antigo gestor ou colega de trabalho”, aponta. Essa referência pessoal dá ao recrutador ideias mais completas sobre o perfil profissional de um candidato e de que forma ele agiria em determinadas situações.

“Com a carta de recomendação, temos no máximo um documento que aponta algumas características como sendo positivas, mas a depender da empresa, os referenciais mudam”, explica Georgina. Quem concorda é a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Pernambuco (ABRH-PE) e professora de pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas da Faculdade dos Guararapes, Ana Karla Cantarelli. 

“Cada cultura organizacional é única e as mesmas características podem ter sentidos novos, a depender do local de trabalho. O que significa perfil comportamental e habilidades adequadas para um recrutador pode ter um sentido novo para outro”, revela. Além disso, o contato do novo gestor com uma fonte indicada pode gerar questionamentos relevantes para a contratação. “Esse profissional sabe lidar com conflitos?”, “Como ele reage em determinada situação?”, “Qual o seu perfil pessoal?” são algumas das perguntas cujas respostas não estão contidas em uma carta de recomendação.

Outra forma de se promover para o novo recrutador é através da internet e, mais precisamente, de redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn, esta última especializada em carreiras e contatos profissionais. “Quem realiza seleções geralmente está ligado no perfil dos candidatos e no que ele posta, compartilha e comenta. Quais são seus ideias e pensamentos, mesmo em se tratando de um perfil pessoal”, aponta Ana Karla. 

Além de conter informações que vão muito além de uma carta de recomendação e complementar referências de um gestor ou colega de trabalho passado, as redes sociais, principalmente as dedicadas a carreiras, têm outra característica interessante: a oportunidade constante de fazer atualizações. “Uma pessoa interessada em um profissional para executar determinada função pode até ouvir um antigo gestor, mas a informação online é viva. O profissional pode ir atualizando com cursos do qual participou, com palestras a que assistiu, com novos contatos profissionais que realizou”, revela a gerente sênior de comunicação corporativa do LinkedIn para a América Latina, Fernanda Brunsizian.

Ainda de acordo com ela, a rede social também permite que pessoas busquem por perfis e características específicas quando procuram parceiros de trabalho. “Esse filtro é muito importante, porque ajuda a encontrar exatamente o que se está buscando”, diz Fernanda. Por isso, é importante manter o perfil na rede atualizado e com o máximo de informações possível, mas sem ser redundante. “Em vez de apenas dizer que trabalhou em um lugar, pense em como você modificou essa empresa, seja através de um produto criado, seja por meio de redução de custos através desse processo, entre outros resultados. O mais importante é mostrar que fez, e não apenas que passou”, ensina a gerente. 

Outra dica é redigir artigos no LinkedIn, pois isso ajuda a se comunicar melhor com possíveis parceiros de trabalho. “Se o profissional assistiu a uma palestra e achou o tema interessante, pode redigir um artigo sobre o assunto, por exemplo, para ter mais conteúdo de troca com outros perfis da rede”, diz Fernanda. O usuário também não deve deixar de postar uma foto, mas atentando para o fato de que a imagem não pode ser casual demais, ou passará a impressão errada. 

NETWORKING - Administradora, Rebeca Pontes foi indicada por uma antiga colega de trabalho para ocupar um posto na área financeira de uma concessionária na Zona Oeste do Recife. Na época, a profissional trabalhava em outra empresa e nem havia tomado conhecimento da vaga. “Fui indicada para participar da seleção com outros candidatos e acabei ficando, porque a empresa estava procurando alguém com perfil mais organizado e analítico para a área financeira, e eu tinha o perfil”, comenta Rebeca. “Se não fosse por indicação desta colega de trabalho, que na época já atuava na concessionária, nem teria tido conhecimento da vaga”, completa. Situações como essa só confirmam a importância do networking, ou seja, a criação e manutenção de uma rede de conexões profissionais. 

De olho nas oportunidades nessa área, o também administrador José Soares está apenas terminando os ajustes finais para lançar um novo produto no mercado, o site Recomenda. Através do portal, profissionais e empresas poderão se cadastrar para trocar experiências. Funciona assim: o usuário comum se inscreve e revela em quais companhias ou projetos já atuou. As empresas confirmam as afirmações e, caso desejem, dão um feedback sobre aquele funcionário, seja através de informações mais gerais, como a função desempenhada por ele dentro da empresa, ou até mais específicas, a exemplo de resultados produzidos ou características interessantes.

Assim, empresas e funcionários podem dialogar para, quem sabe, agendar uma contratação. “Acho que em um momento tão delicado para os brasileiros, com alta taxa de desemprego, um produto assim faz todo sentido, e deve ajudar as pessoas a conseguir novas oportunidades profissionais”, aposta José. A previsão de lançamento do site é no final do primeiro semestre, através do endereço www.recomenda.com.br. 

O próprio LinkedIn tem uma ferramenta semelhante, já que gestores ou colegas de trabalho atuais e antigos podem deixar comentários sobre a performance de um profissional em seu perfil pessoal, ou seja, aumenta as chances de que as informações postadas pela pessoa no site sejam mais críveis. “É uma rede de confiança. Se um trabalhador bem avaliado fez elogios a outro, o recrutador acredita que os dois tenham níveis semelhantes de qualidade”, aponta Fernanda. 

Para quem atua com Recursos Humanos, a indicação também é uma forma forte de encontrar profissionais. “Dialogamos com outras pessoas da área para saber se elas conhecem alguém com o perfil que procuramos”, diz Ana Karla. 

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