A greve de pilotos da Air France entrou nesta quarta-feira em seu décimo dia de duração, em meio à confusão entre a empresa e o governo sobre o polêmico projeto de expandir na Europa a filial low-cost do grupo, Transavia.
A questão da suspensão ou do abandono do projeto que provocou a greve foi levantada nesta quarta-feira pelo secretário de Estado francês de Transporte, Alain Vidalies, que afirmou a uma rádio que o projeto Transavia Europe havia sido abandonado pela direção da Air France.
No entanto, pouco depois um porta-voz da companhia aérea estimou que era prematuro afirmar tal coisa.
"Nenhuma mudança nas negociações permite afirmar que o projeto foi retirado. A proposta continua sendo suspender o projeto e abrir (...) um amplo diálogo com os atores sociais até o fim do ano", declarou este porta-voz à AFP.
Esta proposta da direção foi apresentada na segunda-feira, mas rejeitada pelos pilotos.
"Se este diálogo (...) não tiver resultado, o projeto então será retirado. Mas é prematuro anunciar hoje que já está retirado", acrescentou o porta-voz.
O presidente da Air France, Frederic Gagey, ressaltou que apenas "a ideia de criar agora estas filiais foi retirada". Gagey acrescentou que o projeto deverá ser explicado novamente aos sindicatos.
Informações contraditórias
Estas informações contraditórias envolvendo a Air France começaram depois que o ministro Vidalies declarou no início da manhã à rádio RMC: "O projeto Transavia Europe é abandonado pela direção" da Air France.
O primeiro-ministro Manuel Valls havia criticado esta greve, afirmando que ela não tem "razão de ser" e que representa um verdadeiro risco para a empresa, na qual o Estado é acionista com 16%. A greve custa entre 15 e 20 milhões de euros por dia à empresa.
Os pilotos da companhia temem que o plano de expansão da Transavia na Europa seja acompanhado por supressões de empregos, à medida que a companhia aumentar suas bases fora da França e contratar pilotos em outros países e com condições trabalhistas diferentes.
Em meio a esta confusão sobre o futuro do projeto Transavia, a greve se mantém nesta quarta-feira nos aeroportos, provocando o cancelamento de cerca da metade dos voos da companhia francesa.
A Air France, número dois europeia do transporte aéreo (atrás da alemã Lufthansa), prevê assegurar 46% dos voos, porcentagem similar à de terça-feira (48%).
Desde 15 de setembro, cerca da metade dos aviões da companhia permanecem em terra devido a esta greve, a mais longa dos pilotos franceses desde 1998.
Pela primeira vez desde o início da greve, entre 200 e 300 pilotos protestaram na tarde de terça-feira em Paris perto da Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento.