RISCO

Novo coronavírus alimenta o risco de uma recessão mundial

Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão em risco, por conta do novo coronavírus

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Publicado em 28/02/2020 às 18:18
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Novo coronavírus já fez milhares de vítimas ao redor do mundo - FOTO: AFP
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O mundo paralisa à medida que o novo coronavírus se propaga. Aviões que não decolam, escolas fechadas no Japão e eventos maciços suspensos na Suíça. A economia mundial enfrenta seu maior risco de recessão desde a crise financeira de 2008.

"Com exceção parcial da peste negra na Europa no século XIV, cada pandemia maior foi seguida de uma recessão" global, observou o professor Robert Dingwall, pesquisador da Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra. "Não acho que haja razão para que seja diferente desta vez", acrescentou.

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Muito antes da epidemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu que a recuperação mundial seria "frágil" e poderia tropeçar ao menor risco.

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Os economistas advertem há tempos que a economia caminha na corda bamba e destacam que o coronavírus poderia ser "o golpe" que a fará cair.

Enquanto a lista de medidas radicais para tentar conter o avanço do vírus crescem a cada dia, a epidemia originada na China se expande.

Desde janeiro, fábricas pararam suas atividades na China e cidades inteiras foram confinadas. Na sexta-feira, os emblemáticos salões de alta relojoaria e do automóvel de Genebra foram cancelados. A Arábia Saudita deixou de receber peregrinos em direção a Meca. E na Itália há partidas de futebol disputadas a portas fechadas. Inclusive os Jogos Olímpicos de Tóquio estão em risco.

No mundo há 83.670 contagiados pelo coronavírus e 2.865 morreram, segundo um balanço da AFP a partir de fontes oficiais nesta sexta-feira.

Todos os olhares se voltam para os Estados Unidos, onde até agora o vírus não atingiu com força, embora as autoridades sanitárias esperem que isto ocorra em breve.

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Se há uma contaminação nos Estados Unidos, "a reação poderia ser extrema", avalia Gregory Daco, economista-chefe da Oxford Economics. "Isto teria um impacto muito, muito negativo. A economia cairia em recessão imediatamente", disse.

"Os mercados financeiros atuam como um agente acelerador do sentimento de pânico", acrescentou.

Além de problemas para as fábricas e os fechamentos de escolas, o consumo, que representa 70% da atividade nos Estados Unidos, poderia ser afetado bruscamente.

O vírus não chegou, mas o medo é perceptível: em Washington, as pessoas evitam apertos de mão durante uma conferência e os usuários do metrô observam inquietos seus vizinhos que tossem. Os americanos adiam suas viagens. Se a maior economia do mundo cair em recessão, o resto do planeta sofreria.

O FMI reduziu suas previsões de crescimento mundial para 2020, levando em conta o impacto sobre a China, a segunda maior economia do mundo. Mas isso foi antes da epidemia mundial.

"Isto evolui constantemente (...) Ainda há muitas coisas que ignoramos", expressou na quinta-feira o porta-voz do organismo, Gerry Rice, que deu a entender que as reuniões do FMI e do Banco Mundial em meados de abril, que mobilizam dezenas de milhares de pessoas a cada ano, não poderão ser realizadas em seu formato habitual.

O medo ameaça a economia 

Diante do "impacto econômico evidente (...) Precisamos de uma liderança profissional e política clara, confiante e unida, o que sempre é difícil em um país onde a responsabilidade da saúde pública está tão descentralizada como nos Estados Unidos", destacou Dingwall.

O pesquisador britânico afirmou que será igualmente difícil gerir o temor da população em um ambiente político complicado.

Barry Glassner, sociólogo americano autor de "Culture of Fear" (A cultura do medo), destacou por sua vez que "as nações e os indivíduos precisam tomar suas precauções, entre elas combater o medo, que se estende ao menos tão rapidamente quanto o vírus".

"É potencialmente mais perigoso (que) as populações e os governos deem com frequência respostas menos racionais quando o medo os domina", concluiu.

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