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Jovens europeus sonham com o Brasil

Crise no Velho Continente reduz chances para os mais novos que, bem informados, planejam trabalhar e morar em Estados brasileiros

Marina Costa
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Marina Costa
Publicado em 08/01/2012 às 18:13
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Com a crise política e econômica na Europa e, na direção contrária, os investimentos que o Brasil vem recebendo, jovens europeus começam a mudar de endereço para trabalhar ou estudar. O Brasil agora é um destino cobiçado.

Segundo dados do Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, o número de estrangeiros regulares no Brasil, no ano passado, aumentou em quase 50% com relação a 2010. Até junho de 2011, o Brasil já tinha cerca de 1,466 milhão de estrangeiros, enquanto em dezembro de 2010, o número era 961 mil.

E não é apenas por não conseguirem emprego nos seus lugares de origem que esses jovens escolhem o Brasil para viver. Há também a curiosidade em relação à cultura brasileira. A portuguesa Inês Carreira, 23 anos, é formada em jornalismo e está terminando um mestrado em comunicação.

Ela já morou duas vezes no Rio de Janeiro – em 2009, como estudante de intercâmbio, e em 2011, para fazer uma pesquisa para a tese de mestrado. “Como procurei emprego muito intensamente no Brasil, sei que não é fácil, mas se tiver uma oportunidade profissional ou artística (também sou cantora de MPB), eu não penso duas vezes e volto. Além de a situação em Portugal ser realmente desanimadora para os jovens da minha área, eu sou completamente apaixonada pelo Rio de Janeiro e pela cultura carioca”, comentou.

O italiano Marco Spaccino é formado em Relações Internacionais, tem 26 anos e também pretende viver no Brasil futuramente. “Trabalho numa empresa em Roma, mas é um trabalho temporário, por seis meses. Sendo assim, penso em viver no Brasil, em uma das grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro ou Recife. Eu domino a língua portuguesa pois fiz intercâmbio em Lisboa”, explicou.

Já Elisa Trevisan, 24 anos, também italiana, e com formação na mesma área de Marco, já está com passagem marcada para fevereiro e vai morar em Pernambuco: “Participei de um concurso para um projeto de apoio a crianças e fui selecionada. Vou morar em Pesqueira”. Ela também domina a língua portuguesa. “Fiz intercâmbio em Portugal, onde conheci muitos brasileiros. Gostei muito dessas pessoas, do modo de pensar, de viver e de como elas são humanas”, comentou.

Chiara Di Vincenzo, 26 anos, formada em ciência política, vai morar em Guarulhos (SP) por pelo menos 10 meses. “Na Itália agora há muitos problemas em relação a emprego. Há poucas oportunidades, em particular, na minha área. O problema principal são os contratos com tempo determinado e os estágios que pagam muito pouco”, opinou.

Mesmo jovens europeus de países onde o impacto da crise é menor, como a França, sentem atração pelo Brasil. Michel Bédier é um exemplo. Ele tem 27 anos e fez mestrado em administração. “Eu quero morar na América do Sul desde os meus 15 anos, acho que por ser longe, parece uma aventura. E como o Brasil tem crescido e faz parte dos Brics [grupo de países com economia em desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] pode ter boas oportunidades”, disse.

Mas, de fato, a procura pelo Brasil é maior entre os países com menos oportunidades no momento. A Espanha, que, em novembro, foi país com o maior desemprego da Eurozona, com 22,9% da população ativa, segundo dados divulgados na última sexta-feira pela Eurostat, é um exemplo.

Rodrigo Sanz é de Barcelona, tem 27 anos e é formado em ciência política: “O governo está reduzindo o pessoal drasticamente, e os empregos públicos são fundamentais na área de ciência política. Sem dúvida nenhuma, países como o Brasil, a China e os Emirados Árabes são a esperança duma geração espanhola jovem, qualificada e sem emprego”. Rodrigo também tem nacionalidade argentina e por isso quer tentar uma bolsa de mestrado na UFPE voltada para pessoas com esta nacionalidade.

Rubén Medina, das Ilhas Canárias, pensa em trabalhar numa das grandes cidades do Brasil porque o País é referência em publicidade, área na qual é graduado. “Tenho muitos amigos brasileiros que vieram para a Espanha em busca de trabalho. Muitos conseguiram. Dos meus amigos espanhóis, há muitos se preparando para buscar oportunidades fora do país”.

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