Tributos

Brasil fica em último lugar no ranking que avalia retorno de impostos à população

Estudo foi feito pelo IBPT com as 30 nações de maior carga tributária do mundo

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 26/01/2012 às 22:45
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O Brasil foi eleito, pelo segundo ano consecutivo, o país com os piores resultados em retorno de serviços públicos à população, num ranking que envolve as 30 nações de maior carga tributária do mundo. O estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que, mesmo com uma carga de 35,13% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma arrecadação de impostos que ultrapassou a marca de R$ 1,5 trilhão no ano passado, o governo brasileiro continua sem aplicar de forma adequada o dinheiro que sai do bolso do contribuinte.

A Austrália ficou no topo da lista, seguida de Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e Irlanda. Os EUA havia atingido a primeira colocação na pesquisa, intitulada, “Carga Tributária:PIB X IDH”, no ano passado. Já Japão e Irlanda, que ocuparam, respectivamente, as 2ª e 3ª posições no levantamento anterior, caíram para 4º e 5º lugar em 2012.
Mas, afinal, o que esses países têm que o Brasil não tem? O presidente do IBPT, João Eloi Olenike, que coordenou a pesquisa responde: “O governo gasta muito e gasta mal, nossa máquina é extremamente onerosa. Na Austrália, por exemplo, pega-se grande parte do dinheiro colhido e investe-se na qualidade de vida da população, especialmente em infraestrutura e educação”.

“Além isso, eles têm gastos menores com a máquina pública. Provavelmente não trabalham com uma base de 38 ministérios como nós, por exemplo. Para se ter ideia, o trabalho realizado por 15 funcionários públicos aqui é feito por apenas duas pessoas lá”, complementa.

Para chegar a essas conclusões, o instituto criou o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (Irbes), resultado da somatória da carga tributária segundo a tabela da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde) de 2010 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com a previsão do índice final para o ano de 2011. Quanto maior o valor do Irbes melhor é o retorno da arrecadação dos tributos.

Ainda de acordo com o levantamento, o Brasil ficou atrás de países latino americanos como Uruguai (13º) e Argentina (16º). “Essas nações conseguem distribuir melhor os recursos para o que realmente interessa. O Brasil aplica apenas de 7% a 8% em infraestrutura, por exemplo, e ocupa hoje a 15ª colocação mundial em carga tributária. É a maior das Américas. Não sei como o País quer se tornar uma potência mundial, concorrendo com Rússia, Índia e China se não sabe destinar bem seus recursos”, questiona.

“Por mais que a carga dos países que se destacam na aplicação dos recursos também seja alta, a população vivencia um retorno”. A pergunta que o estudioso faz é provavelmente a mesma que ronda a cabeça dos brasileiros: “quem está satisfeito tendo que pagar duas vezes pela saúde, pelo ensino, pela segurança, pelas estradas, com os pedágios?”

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