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Montadoras lucram mais no Brasil e consumidor paga o preço

Além das questões tributárias e de custos, que no País são recordes, indústria aproveita para lucrar mais

Da editoria de economia
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Publicado em 15/08/2012 às 8:28
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O brasileiro paga caro pelos carros que compra, um dos mais caros do mundo. Para as montadoras esse é o reflexo dos impostos, uma carga pesada tributária (42% do preço automóvel) aliado ao custo Brasil, onde energia, transporte, e encargos de mão de obra pesam muito. Para o diretor da Agência Autoinforme, Joel Leite, que já conversou com presidentes das mais variadas montadoras pelo mundo, outro fator é o lucro da indústria, que no Brasil também é o maior do mundo.

"Um executivo da Mercedes Benz me disse que cobra mais caro no País por um mesmo modelo porque o consumidor local paga o preço, pra quê baixar então?”, relata. A situação inspirou o jornalista Kenneth Rapoza, da versão online da revista americana Forbes, a ironizar o comportamento do consumidor brasileiro, que pagaria caro por um status que não existe em carros como Toyota Corolla, Honda Civic, ou mesmo um Grand Cherokee, principal objeto de seu artigo que gerou muita repercussão no Brasil durante a semana.

Num dos trechos, o jornalista chega a citar a cachaça Pitu. “Pense dessa forma, se o seu amigo americano disser que comprou por US$ 150 um par de Havaianas. Você diria que ele pagou muito. Essas sandálias são sexys, da moda e chiques, mas elas não valem US$ 150 (R$ 300). Quando se trata de carros como status no Brasil, as altas classes estão bebendo Pitu e 51 em suas caipirinhas achando que elas são o melhor na prateleira de bebidas.” Em sua apresentação, o jornalista americano diz que trabalhou no Brasil cobrindo a era pré e pós Lula.

Para abalizar a opinião, Rapoza usa o exemplo Jeep Grande Cherokee, que para os brasileiros “custa estelares R$ 179 mil, ou cerca de US$ 89,5 mil. Nos EUA, este veículo custa algo em torno de US$ 28 mil (ou R$ 56 mil)”, ou três vezes mais. Ele lembra que a indústria do Cherokee, a Chrysler, vai lançar em outubro a caminhonete Dodge Durango por “lindos” R$ 190 mil (US$ 95 mil). “Nos EUA ele custa US$ 28 mil (R$ 56 mil). Um professor da escola pública no Bronx pode pagar por um, talvez não um novo, mas um com dois anos de uso.” Ele completa ironizando. “Me desculpem brazukas, não há status no Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand or Dodge Durango. Não sejam enganados pelo preço, vocês definitivamente estão sendo enganados.”

Para o especialista brasileiro, no entanto, o jornalista americano erra quando fala apenas dos carros importados. “Esse cara põe os pés pelas mãos. Não é o carro importado que é caro no Brasil. O carro feito no País também é caro”, compara. Para ele, a questão do brasileiro pagar mais não é pelo status, mas pela falta de opção. “O brasileiro não tem opção porque não tem concorrente quando se trata de carro de luxo”, diz referindo-se à Cherokee, que não tem um equivalente sendo produzido no Brasil. Ele reconhece, no entanto, que em países como os EUA, este tipo de veículo não é considerado de luxo. “Lá, qualquer pessoa tem”, diz, completando. “Temos uma elite no Brasil, pequena, mas que paga qualquer preço pelo carro”, diz.

É aí que as montadoras se aproveitam. Num artigo publicado em seu site Autoinforme, Joel compara o preço do Corolla XEI 2.0, produzido no Brasil e exportado para outros países. Mesmo saindo daqui, o valor pago por consumidores da Argentina, Chile e até mesmo da Europa, é mais em conta que o praticado no mercado local. No Brasil, o veículo fica na casa de R$ 75 mil, enquanto que ele custa o equivalente a R$ 50 mi lna Alemanha, R$ 32 mil nos EUA ou R$ 46 mil e R$ 41 mil na Argentina e Chile, respectivamente. O Jornal do Commercio já publicou matérias comparando os preços. Numa delas, sobre o Salão de Detroit no ano passado, informa que o Ford Fusion custa nos EUA cerca de R$ 33 mil, enquanto que no Brasil o carro não sai por menos de R$ 80 mil.

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