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Cota para importar carros do México já está esgotada

A partir de agora montadoras terão de pagar 35% de imposto de importação. Vão compensar com produção local

Agência Estado
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Publicado em 25/11/2012 às 19:32
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 A cota de importação de veículos do México isenta de imposto, prevista até março, já se esgotou. A partir de agora, os carros que forem trazidos daquele país terão de pagar Imposto de Importação (II) de 35%, o que pode tornar inviável sua venda no mercado brasileiro.

As montadoras tentam compensar a limitação com a produção local.
A Ford deve iniciar no próximo ano a produção do novo Fiesta hatch na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), e importar do México, por um tempo, apenas a versão sedã.

A Nissan, maior importadora de carros mexicanos, vai inaugurar fábrica em Resende (RJ) em 2014 onde produzirá pelo menos dois dos quatro modelos hoje trazidos daquele país.
Desde abril, quando a restrição efetivamente passou a valer, foram importados o equivalente a US$ 1,387 bilhão em veículos, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento.

A cota prevista até março de 2013 é de US$ 1,45 bilhão, ou seja, a diferença de US$ 63 milhões foi atingida neste mês, dizem as fabricantes.
A Honda, com cota de US$ 40,2 milhões, decidiu que só voltará a trazer o utilitário-esportivo CR-V a partir de março, quando entra em vigor nova cota por mais 12 meses. A Nissan já havia informado que atingiu sua cota de US$ 239 milhões (35 mil veículos) há cerca de três meses.

Depois de suspender as importações dos modelos March, Versa, Sentra e Tiida, o que levou a uma fila de espera pelo compacto March, o mais vendido da marca, a Nissan voltou a trazê-lo neste mês, mas com imposto, o que resultou em alta de R$ 1 mil no preço. Segundo a empresa, o repasse só não foi maior porque fábrica e concessionários absorveram parte do custo.

Para Julian Semple, consultor sênior da Carcon Automotive, é possível que, por um período, as montadoras tenham de operar com baixa lucratividade ou até mesmo com prejuízos nos modelos trazidos do México para não perder mercado. "No ano que vem acredito que as empresas serão mais conservadoras e trarão menos produtos de lá", diz.

A Fiat também reajustou preços dos modelos 500 e Freemont e optou, desde o início, por mesclar uma parte da importação dentro da cota e outra pagando o II. A marca tinha direito a importar US$ 173,8 milhões (cerca de 18 mil carros).

A General Motors, por sua vez, congelou os planos de trazer ainda este ano o utilitário-esportivo Trax, que competiria com o Ford EcoSport.
"Vamos ter de fazer as contas e analisar o que será possível trazer em 2013, quando começa a nova cota, a partir de março", diz o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila. A montadora chegou a pensar em produzir o Trax no Brasil, mas, em razão das novas exigências de conteúdo local de componentes do programa Inovar-Auto "não é viável no curto prazo".

A limitação também atrapalhou os projetos da GM de vender cerca de 1,2 mil unidades ao mês das versões hatch e sedã do Sonic.
Inicialmente importado da Coreia do Sul, o modelo começou a ser produzido no México há dois meses, mas, em razão da distribuição da cota entre esse modelo e o utilitário Captiva, os volumes serão reduzidos, informa Ardila. Segundo o executivo, os estoques de Captiva e Sonic são suficientes até o fim do ano.

A decisão de impor cotas partiu do governo brasileiro, insatisfeito com o aumento das importações do México, país com o qual tem acordo de livre comércio no setor automotivo.
Em 2011, a balança comercial no segmento de veículos foi negativa em US$ 1,54 bilhão para o Brasil. No prazo de vigência da cota, que vale para ambos os lados, o Brasil exportou US$ 232,6 milhões, o que resulta em déficit de US$ 1,15 bilhão no período.

Por sete anos seguidos, de 2000 a 2007, a balança comercial foi favorável ao Brasil. A reversão ocorreu a partir de 2008 e, desde então, o déficit vem crescendo a cada ano e mais que dobrou de 2010 para 2011.
A cota para 2013 é um pouco maior, de US$ 1,56 bilhão, e vai a US$ 1,64 bilhão no ano seguinte. A partir de 2015 volta o livre comércio, mas o novo governo do México quer mudar essas regras.

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