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Hamilton se diz tecnicamente favorável à autonomia do BC

O diretor argumentou que esse era um assunto para os representantes eleitos pelo povo e o Congresso Nacional

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 29/09/2014 às 17:49
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O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, mostrou-se, nesta segunda-feira (29), favorável à autonomia legal da instituição, assunto que ganhou grande espaço e gera polêmica no debate eleitoral para a Presidência da República este ano. Do ponto de vista técnico, segundo ele, a teoria macroeconomia, amparada pela evidência internacional, revela que um ambiente que contempla a autonomia traz ganhos para as economias dos países que a adotam. "De modo que, do ponto de vista estritamente técnico, sou favorável de modo geral inclusive para o Brasil", afirmou.

Ele fez essa avaliação após relutar em responder às perguntas dos jornalistas algumas vezes. Primeiro, Hamilton argumentou que esse era um assunto para os representantes eleitos pelo povo e o Congresso Nacional. Depois, disse que preferia não se manifestar sobre o assunto. "Só posso me manifestar sobre a conveniência dessa adoção de uma autonomia legal."

Há cerca de 10 dias, o diretor de Fiscalização, Anthero Meirelles, foi o primeiro a se manifestar sobre o assunto publicamente. Na ocasião, ele relatou sua experiência e garantiu que, durante todo o período em que ocupa uma cadeira no Comitê de Política Monetária (Copom), o BC funciona com autonomia operacional. Anthero lembrou que é o mais antigo da atual formação da diretoria, ocupando o cargo há sete anos. "Nunca recebi nenhum tipo de demanda, sugestão ou qualquer coisa que pudesse me impedir de me posicionar ou decidir", continuou. Ele ainda fez questão de enfatizar que o BC precisa dessa autonomia operacional para trabalhar. 

PROJEÇÕES DE INFLAÇÃO - Embora avalie que há o risco de a política fiscal se tornar expansionista este ano, Hamilton explicou que as projeções de inflação do Relatório Trimestral contemplam um cenário de neutralidade. "O que consideramos é a neutralidade fiscal. Ponto. Está claro no documento. A hipótese de neutralidade para este ano está escrita", afirmou.

O que o BC adicionou a esse respeito, segundo ele, é que existe um risco de que essa hipótese não se confirme para 2014 e, em contrapartida, há a visão de que a política fiscal seja contracionista em 2015. "O que eu estou reconhecendo é que nós trabalhamos com a hipótese de neutralidades para a política fiscal este ano. Estou afirmando que as evidências apontam que essa hipótese não se confirmará", argumentou.

Questionado por que, se o BC já considera esse risco, a possibilidade já não constava no capítulo que trata desse tema, ele respondeu: "Se você escrever no jornal, qual a hipótese que o BC está considerando nas projeções, a escrita correta é 'neutralidade'. O que o BC adicionou a esse respeito é que existe um risco de que essa hipótese não se confirme para 2014 e em contrapartida há a visão que a política fiscal seja contracionista em 2015.

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