Mercado financeiro

Petrobras e Vale impulsionam alta da Bolsa brasileira; dólar sobe pelo 4º dia

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 1,58%

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Publicado em 02/02/2015 às 18:55
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 1,58% - FOTO: Foto: Tânia Rêgo /Agência Brasil
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Amparada pelos fortes ganhos de Petrobras e Vale, a Bolsa brasileira fechou em alta nesta segunda-feira (2), com os investidores avaliando que os dados ruins de atividade industrial da China poderão forçar o banco central do país a adotar novas medidas de estímulo.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 1,58%, para 47.650 pontos.

O destaque ficou com as fortes altas das ações da Vale e da Petrobras no pregão.

Os papéis preferenciais da mineradora avançaram 4,04%, para R$ 17,22. As ações ordinárias fecharam em alta de 6,07%, para R$ 19,74. Segundo Fabio Lemos, analista da São Paulo Investments, os investidores apreciaram o corte de dividendos anunciado pela empresa na sexta-feira (30).

A mineradora vai pagar US$ 2 bilhões em remuneração mínima a acionistas em 2015, metade dos US$ 4,2 bilhões pagos em 2014. "Para o investidor é ruim, mas já era algo previsto. A empresa precisou ajustar sua geração de caixa à realidade de preços mais baixos do minério de ferro", afirma.

No caso da Petrobras, as ações da petrolífera interromperam a sequência de três pregões de baixa -quando atingiram o menor valor em 11 anos e subiram nesta segunda. Os papéis preferenciais, os mais negociados, fecharam com alta de 5,86%, para R$ 8,66. As ações ordinárias subiram 6,59%, para R$ 8,57.

"Os papéis passaram por uma correção, após caírem bastante, ajudados também pelas cotações do petróleo, que subiram pelo terceiro dia seguido", afirma Bruno Piagentini, analista da Coinvalores.

A empresa também anunciou nesta segunda que bateu recorde de produção de derivados em 2014. Foram refinados no país 2,17 milhões de barris de petróleo por dia -2,1% a mais do que em 2013. Esse é o sexto recorde anual consecutivo.

O aumento da produção foi impulsionado especialmente pelo maior refino de gasolina, diesel e querosene (usado pela indústria).

PREOCUPAÇÃO

Os investidores analisaram também dados ruins do setor industrial chinês. Segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), do HSBC/Markit, em janeiro o índice atingiu 49,7 em base ajustada sazonalmente, pouco abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração. O número ficou pouco abaixo da leitura preliminar de 49,8, mas acima da leitura final de 49,6 em dezembro.

Já o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial do país caiu para 49,8 em janeiro, informou o Departamento Nacional de Estatísticas no domingo, nível visto pela última vez em setembro de 2012 e abaixo de 50 pontos, que separa crescimento de contração em uma base mensal.

"Há uma expectativa dos investidores em torno de o que a China fará. Hoje foram divulgados indicadores de atividade industrial oficiais e privados e ambos mostraram retração. Isso aumenta a possibilidade de o governo lançar novas medidas de estímulos econômicos para evitar que a taxa de crescimento do país caia muito", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners.

CÂMBIO

O dólar fechou em alta pelo quarto pregão seguido em relação ao real, com os investidores testando novos patamares após o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmar na sexta-feira que o governo não manterá o câmbio artificialmente valorizado.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,89%, para R$ 2,708, no maior patamar desde 5 de janeiro, quando fechou em R$ 2,727. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve alta de 0,96%, para R$ 2,715, maior nível desde 16 de dezembro, quando a moeda fechou a R$ 2,735.

Na sexta-feira, a moeda americana teve valorização de 2,74% após Levy afirmar que o governo não pretende manter o câmbio artificialmente valorizado.

Para Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista, a alta de hoje ainda é resultado da possibilidade de o governo deixar o câmbio mais livre. "O Levy indicou que o mercado pode ficar mais liberado, com o Banco Central intervindo quando realmente houver algum fator atrapalhando qualquer parte da economia, como inflação, crescimento, balança comercial", ressalta.

O avanço da moeda também foi influenciado pela eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados. "Isso deixou o mercado mais apreensivo com a possibilidade de haver algum tipo de retaliação pelo fato de o governo não ter apoiado o candidato", afirma.

O Banco Central deu continuidade nesta manhã às intervenções diárias no mercado cambial e vendeu 2.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume equivalente a US$ 98,1 milhões.

A autoridade monetária anunciou para esta manhã a oferta de até 13.000 contratos de swap para o início da rolagem dos contratos que vencem em 2 de março. Todos os contratos foram vendido, rolando cerca de 6% do lote total.

Se mantiver esse ritmo e vender sempre a oferta integral e não fizer leilão de rolagem no último pregão do mês, como vem acontecendo nos últimos meses, o BC rolará quase 100% do lote total, que corresponde a US$ 10,438 bilhões.

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