TURISMO

Brasileiro muda hábitos de viagem

Com o dólar em disparada, consumidor troca destinos nos EUA por praias e cidades do País. Segundo pesquisa do MinTur, intenção de viajar caiu em quase um terço em agosto deste ano

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 09/09/2015 às 9:18
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Com o dólar em disparada, consumidor troca destinos nos EUA por praias e cidades do País. Segundo pesquisa do MinTur, intenção de viajar caiu em quase um terço em agosto deste ano - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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O cenário econômico e a disparada do dólar mudaram os planos dos brasileiros e do mercado de turismo. Menos gente pretende viajar nos próximos meses, de modo geral, seja em passeios domésticos, seja para o exterior. Entre os que planejam turistar, vem crescendo a intenção de passear pelos destinos brasileiros.

Nordeste, Fernando de Noronha e Natal Luz em Gramado são alguns dos destinos mais procurados para as próximas férias. O feriadão de 7 de setembro serviu como termômetro: os hotéis e as pousadas de Porto de Galinhas ficaram lotados – apesar de muitas reservas estarem sendo fechadas de última hora, dificultando o planejamento dos hoteleiros. Estados Unidos e Europa, é fato, estão cada vez mais fora do roteiro.

Isso porque o dólar disparou nos últimos meses, puxando também a cotação de outras moedas. Nesta terça (8), depois de seis sessões consecutivas de alta, a moeda americana deu um refresco e fechou em baixa de 0,83%, cotada a R$ 3,818. O freio na escalada foi consequência das intervenções do Banco Central, com dois leilões de venda de dólarepromisso de recompra. 

Na tentativa de atrair o consumidor, as companhias aéreas até têm baixado os preços das passagens internacionais. Mas, ainda assim, fazer turismo lá fora não tem animado o brasileiro – afora os mais ricos, que não sentem a crise. O gasto com hospedagem, alimentação e passeios ficou estratosférico com a cotação do dólar.

O vice presidente de relações internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Leonel Rossi, acredita que o mercado nacional fechará o ano com crescimento, apesar de a pesquisa divulgada ontem pelo Ministério do Turismo apontar que a intenção do brasileiro de viajar, de modo geral, caiu de 28,8%, em agosto de 2014, para 20,6%, em agosto de 2015. 

Segundo ele, no primeiro semestre, a venda de viagens domésticas ficou no mesmo nível dos primeiros seis meses do ano passado. No segundo semestre, a expectativa é que o mercado consiga um crescimento de 5% na comparação anual. Já as vendas internacionais fecharão o ano, de acordo com Rossi, com uma queda de 10% frente ao balanço de 2014.

“Viajar dentro do Brasil está com preços atrativos. Por exemplo: uma pessoa que sai de São Paulo e queira ir a Natal, Recife ou Fortaleza consegue pagar, por oito dias de hospedagem, passagem aérea, traslado e passeio, algo em torno de R$ 1 mil, e ainda com a opção de dividir sem juros no cartão”, argumenta. Para o vice-presidente, “turismo e viagem são irreversíveis. O lazer hoje é uma necessidade psicossocial”. O momento econômico e político, diz, afetam o mercado, “mas quem está acostumado a viajar viajará de qualquer jeito”. 

O cenário, porém, também afeta as agências. Rossi calcula que a queda de 10% na venda de pacotes internacionais acarretará uma retração de 20% no faturamento das agências. “Nosso setor já passou por várias crises. E essa não é a maior”, ressalta. Na visão dele, este é o momento para as agências conquistarem o cliente. Afinal, muita gente está sendo obrigada a adequar os pacotes e o agente, reforça Rossi, é quem mais pode ajudar.

A recifense MB Turismo, por exemplo, tem reforçado os pacotes personalizados, de acordo com o bolso e desejo de cada viajante ou grupo. É especializa em viagens nacionais e quer aproveitar o momento, já que sua venda internacional caiu 80%. “Estávamos com um grupo para fechar com 30 pessoas para Europa e só conseguimos fechar 10”, comenta a diretora Sandra Morais. A dica dela é se programar com antecedência. 

O diretor de operações da Martur, Marcos Teixeira, também dá seu depoimento: “Orlando, Miami, que eram nosso forte para o exterior, tiveram uma grande retração. Só quem está viajando é quem já pagou o aéreo. Mas, em geral, teve que abrir mão de compras e parques. O câmbio está assustando”.

Ele conta que um cliente que já tinha comprado passagem, reservado hospedagem e alugado carro está levando no bolso em torno de US$ 2 mil para gastar somente com alimentação e pequenas compras. Aquele consumidor que levava US$ 10 mil, US$ 15 mil ficou escasso. Um pacote para curtir os parques da Universal, Disney e Sea World não sai por menos de R$ 10 mil para uma família de quatro pessoas.

Confira simulações feitas pela MB, Martur e Brasil Turismo

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