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Eletrodomésticos vão ficar mais caros com alta do preço do aço, diz executivo

Parte dos fabricantes não descarta ainda efeitos no emprego do setor que já sofre com a crise econômica

Da Folhapress
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Publicado em 23/11/2015 às 11:52
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Parte dos fabricantes não descarta ainda efeitos no emprego do setor que já sofre com a crise econômica - FOTO: Foto: JC Imagem/Arquivo
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Representantes da indústria elétrica e eletroeletrônica reagiram ao possível aumento das alíquotas de importação do aço e já falam em repassar um eventual impacto aos preços de seus produtos, diante da impossibilidade de absorver o custo por causa da queda nas vendas. Parte dos fabricantes não descarta ainda efeitos no emprego do setor que já sofre com a crise econômica.

O governo confirmou nesta quarta (18) que estuda medidas de proteção à indústria de aço brasileira, como o aumento da alíquota de importação. As alíquotas de importação de alguns produtos siderúrgicos podem subir de 8% a 14% para entre 15% e 20%. Ainda não há uma decisão tomada, segundo a reportagem apurou, e, se houver aumento do imposto, será temporário, até que o país volte a crescer.

"Quando há aumento no aço, é impossível não passar ao revendedor e aí para o consumidor. Alguns outros tipos de aumento, a indústria até segura. Mas o aumento do aço é direto na veia", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros, a associação que reúne fabricantes de eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

Com a pressão no custo da matéria-prima, os produtos que devem ser mais atingidos são os itens da chamada linha branca -fogão, geladeira, máquina de lavar roupa.

"O efeito do aumento é ainda mais preocupante no atual período de queda de vendas, diz Kiçula. "Pressão de custos dessa forma prejudica os esforços da indústria para manter vendas e, consequentemente, o nível de emprego."

RETRAÇÃO

Segundo a Eletros, a venda de eletrodomésticos caiu 11% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2014, e a previsão é fechar 2015 com queda de 17% na linha branca.

No ano passado, as indústrias do setor empregavam 103 mil pessoas de forma direta e foram responsáveis pela geração de 217 mil empregos indiretos.

Com a retração das vendas, no acumulado até agosto de 2015, houve uma queda de 20% no emprego direto e a estimativa é que esse número suba para 35% até dezembro.

"As indústrias já fizeram demissões para se ajustarem [à queda da demanda]. Mas, se tiver aumento do custo do aço em um momento em que inflação está em alta, renda menor e o consumidor receoso em comprar, isso nos preocupa e muito", diz Kiçula.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) -que reúne os fabricantes dos segmentos de motores, geradores, compressores, entre outros, importantes consumidores de aço -tem as mesma avaliação.

Para a associação, um eventual aumento das alíquotas do imposto de importação de aço traria "impactos significativos para toda a cadeia produtiva, comprometendo a rentabilidade das empresas e colocando em risco seus investimentos e o nível de emprego do setor eletroeletrônico".

De acordo com a entidade, "as empresas já vêm sendo pressionadas a reduzir seus preços, uma vez que seus clientes, fabricantes de bens finais, tentam ajustar seus custos em um mercado extremamente contraído. A majoração do aço traria impacto adicional a uma conjuntura já bastante preocupante."

Pelos dados disponíveis até setembro, a produção do setor eletroeletrônico recuou 23,5% em relação a setembro de 2014.

De janeiro a setembro deste ano, segundo dados da Abinee, as indústrias elétricas e eletrônicas fecharam 28,6 mil vagas, reduzindo para 264,9 mil o número de empregados diretos no setor.

Nos últimos 12 meses, o saldo negativo entre o total de admissões e de desligamentos chegou a 36,5 mil vagas.

Em dezembro do ano passado, o setor empregava 293,6 mil trabalhadores. A previsão da Abinee é chegar em dezembro deste ano com 260 mil empregados.

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