RENDA

6,2 milhões de pessoas ficaram mais pobres no País

Volume se refere à população que caiu das classes A e B para a C, além das que saíram da classe C para a D e a E

Emídia Felipe
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Emídia Felipe
Publicado em 13/01/2016 às 14:52
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Volume se refere à população que caiu das classes A e B para a C, além das que saíram da classe C para a D e a E - FOTO: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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“Esses segmentos que dependem muito de financiamento terão cada vez mais dificuldades”, diz o economista Valdeci Monteiro. O comentário faz parte de uma análise que ele tece sobre a situação atual do País, simbolizada por números recentemente divulgados pela área econômica do Bradesco: cerca de 6,2 milhões de pessoas foram “puxadas” na mobilidade social e passaram a integrar classes de renda abaixo das que estavam. Segundo esse estudo, entre janeiro e novembro do ano passado, 3,7 milhões de consumidores saíram da classe C para as D e E; enquanto 2,6 milhões deixaram as classes A e B para integrarem a C.

Sócio-diretor da Ceplan e professor da Unicap, Valdeci avalia que as condições de juros altos e aumento do desemprego, principalmente, pressionaram as famílias. “As pessoas estão comprometendo cada vez mais sua renda com despesas essenciais. A conta não fecha.” São circunstâncias que tendem a se manter este ano, pelo menos até o segundo semestre. “Dois mil e quinze foi de choque de realidade e agora chegou a hora dos ajustes. Se nada acontecer, a tendência é piorar. Mas acredito que algum movimento vai surgir a partir de março”, pontua o especialista, ao falar sobre como o setor produtivo está insatisfeito com a incerteza política que se tornou raiz da crise econômica.

Para chegar às estimativas do início deste texto, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco extraiu dados da PNAD, do IBGE, e corrigiu as faixas de renda familiar pela inflação. À frente do estudo, a economista Ana Maria Barufi destaca que, sob a mesma métrica, entre 2004 e 2014, mais de 50 milhões de pessoas ascenderam economicamente, entrando nas classes A, B e C. “É um movimento de piora que ainda é bastante pequeno quando se considera a melhora anterior”, observou Ana Maria em entrevista ao JC. “Por enquanto, vemos o movimento de piora como conjuntural e, conforme as condições melhorem, a situação poderá ser revertida. Entretanto, as informações de que dispomos até o momento indicam que 2016 ainda será um ano bastante difícil”, afirmou.

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