Automóvel

Carro zero não vende, mas também não cai de preço

De acordo com Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, vendas caíram 26,6% neste ano. Mesmo assim, concessionárias não querem assumir margem de lucro baixa

JC Online
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Publicado em 08/06/2016 às 10:55
Hélia Sheppa/ Arquivo JC Imagem
De janeiro a agosto foram vendidas 628 mil unidades a menos, o que equivale a três meses de vendas perdidas, segundo a Anfavea - FOTO: Hélia Sheppa/ Arquivo JC Imagem
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O preço dos carros zero quilômetro dificilmente cai ou se torna mais atrativo para o consumidor, mesmo em meio à recessão econômica. Nos primeiros cinco meses deste ano, houve queda de 26,6% nas vendas de veículos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em comparação com o mesmo período do ano passado. Paralelamente, em 12 meses até março, o carro novo ficou 0,83% mais caro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Concessionárias tentam reverter o quadro oferecendo vantagens, mas dizem que é inviável manter a margem de lucro baixando preços.


“O custo de desenvolvimento, fabricação e distribuição de um carro é muito alto. As montadoras têm que ter a margem de lucro para manter a estrutura funcionando. Se diminuir o preço, vai ter que enxugar de outra forma, a exemplo de demissões. Hoje em dia, as empresas também têm que desembolsar muito dinheiro para atender às exigências do InovaAuto (regulamentação do regime automotivo). Entre elas, estão a criação de unidades fabris no Brasil e a redução do consumo de combustíveis”, explica o diretor da Alpha Consultoria, especializada em setor automotivo, Alexandre Costa. 

Outros fatores também influenciam o atual patamar de preços do zero quilômetro, por exemplo a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 2014, lembra o presidente da Associação de Veículos Automotores em Pernambuco, Antonio Selva. Até então, o governo incentivava o setor com ou isenção de impostos sobre carros e eletrodomésticos para incentivar o consumo, mas, com a crise, os preços se alinharam novamente. “O mercado automotivo tende a acompanhar o movimento da economia. Com a volta do IPI e o aumento da inflação todos os anos, os preços subiram de forma absurda. É mais fácil ter promoção quando há lançamento de uma linha nova. Por exemplo, com o lançamento de 2017, os carros de 2016 podem ficar mais baratos”, diz.

“Um novo modelo de carro exerce o fascínio dos consumidores, vira objeto de desejo, por isso os lançamentos não param”, completa Antonio Selva. As concessionárias apostam em promoções nas linhas mais antigas, que ficam estacionadas nos pátios após o lançamento das novas. O cliente deve pesquisar e tentar negociar o preço antes de fazer a compra. “Na Italiana, oferecemos descontos. Às vezes, os itens que compõem o veículo também ficam até 50% mais baratos, o que impacta o valor final. O consumidor tem que dizer o que quer, podemos achar algo que caiba no bolso dele”, orienta a gerente de Veículos Novos e Vendas Coorporativas da Italiana, Gilvana Elias.

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