ENERGIA

Aneel deve punir Isolux por atraso em obras de linhas de transmissão

Aneel deve proibir empresa de participar de qualquer leilão de energia no Brasil por dois anos

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 14/08/2017 às 9:50
Foto: Fábio Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Aneel deve proibir empresa de participar de qualquer leilão de energia no Brasil por dois anos - FOTO: Foto: Fábio Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Leitura:

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prepara uma dura punição à companhia espanhola Isolux Corsán, por conta de atrasos em obras de linhas de transmissão assumidas pela empresa A proposta, conforme apurou o ‘Estado’, é proibir a empresa de participar de qualquer tipo de leilão do setor elétrico no Brasil pelo prazo de dois anos.

A decisão, tomada pela área técnica da agência e já encaminhada para sua diretoria colegiada - que dará o parecer conclusivo sobre o caso -, foi tomada após a Aneel buscar todos os argumentos possíveis da Isolux que pudessem justificar o atraso de anos em linhas de transmissão prioritárias na entrega de energia de hidrelétricas amazônicas como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte. A avaliação é de que a empresa espanhola não conseguiu apresentar nenhuma explicação plausível.

A punição ocorre depois de a Aneel retomar dois grandes projetos que estavam nas mãos da Isolux, mas que nunca tiveram suas obras iniciadas. No mês passado, a agência assinou contrato com novas empresas, que se encarregarão de construir aproximadamente 2 mil quilômetros de linhas a partir do zero.

A rede que começa no Pará e que deveria estar pronta em novembro de 2019, agora só será entregue daqui a cinco anos, em agosto de 2022, ou seja, 33 meses depois. A linha que avança pela região Norte a partir de Rondônia foi reprogramada de maio de 2019 para agosto de 2021, uma dilatação de 27 meses sobre o cronograma original.

PROBLEMAS

A Isolux foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou. A companhia, que enfrenta graves dificuldades financeiras, passa por um processo de recuperação extrajudicial e tenta vender seus ativos no Brasil.

A empresa brigou na Justiça para ficar com os contratos de transmissão, mesmo atrasados, para que pudesse comercializá-los como "ativos" no País, mas acabou perdendo o direito de permanecer com essas concessões.

"A sanção de suspensão temporária do direito de contratar ou participar de licitação promovida pela Aneel se apresenta mais eficaz para coibir a reincidência da conduta pela Isolux, tanto no aspecto temporal - até dois anos do direito de contratar ou participar de licitações com a Aneel -, como no aspecto educativo para todas as futuras licitantes", afirmam os técnicos da agência, em parecer sobre o assunto. "A conduta da Isolux, repita-se, foi de natureza gravíssima, na medida em que implicou a postergação da implantação de importantes empreendimentos de transmissão para o sistema elétrico nacional."

Trata-se de recado direto para a Abengoa, outra espanhola metida em sérias complicações com o setor elétrico.

No mês passado, a agência recomendou ao Ministério de Minas e Energia que cancelasse os nove contratos de concessão de linhas de transmissão detidas pela empresa, que paralisou 6 mil quilômetros de obras, com investimentos estimados em R$ 7 bilhões. A Abengoa também está em recuperação judicial na Espanha, desde novembro de 2015 e, no Brasil, desde janeiro de 2016.

Um dos principais projetos da Abengoa era a linha pré-Belo Monte, que iria escoar energia da usina para toda a Região Nordeste, através da Bahia, com mais de mil quilômetros de extensão. A empresa só concluiu 35% desse projeto.

Últimas notícias