SERVIÇO

Borracheiros lucram com buracos no Grande Recife

Empresários confirmam o crescimento da demanda. Quem atendia dois ou três veículos por dia, hoje recebe cerca de 20

Davi Barboza
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Davi Barboza
Publicado em 12/05/2011 às 8:21
Foto: Priscilla Buhr/JC Imagem
Empresários confirmam o crescimento da demanda. Quem atendia dois ou três veículos por dia, hoje recebe cerca de 20 - FOTO: Foto: Priscilla Buhr/JC Imagem
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Jante empenada e pneu rasgado. Só é preciso passar 10 minutos em qualquer borracharia do Grande Recife para perceber o que tanto aflige os condutores da capital pernambucana. Em um giro pela cidade, o JC constatou que além dos já conhecidos buracos, surgiram novos por conta das fortes chuvas, o que está deixando muito motorista nervoso por aí.

"A cidade está repleta de crateras. Elas estão em todo lugar. Cheguei a conclusão de que as ruas daqui são feitas com uma mistura entre asfalto e açúcar, pois, quando chove, tudo se desfaz", disse, em tom irônico, Luciano de Andrade, que foi à borracharia do Chacal dois dias seguidos. Ali, o dono do estabelecimento, Antônio da Silva, detalha: "há algumas semanas, entre dois e três carros por dia apresentavam defeitos na jante ou no pneu. Hoje, recebo cerca de 20 veículos por dia nessa condição".

Em outro estabelecimento, na Borracharia do Fábio, que fica na Avenida Carlos de Lima Cavalcanti, em Olinda, o proprietário Fábio Nunes ressaltou que sua loja está sobrecarregada e que cerca de 80% dos seus clientes estão atrás da mesma coisa. "Antes o serviço era feito com uma hora e meia. Agora, com essa demanda, estou entregando em três horas", afirmou. Segundo ele, o condutor gasta entre R$ 50 e R$ 70 com esse tipo de conserto (cerca de R$ 35 remendando o pneu, mais R$ 20 com a roda). Nunes acrescentou que nas suas outras duas borracharias, que funcionam 24h, a demanda à noite está grande, e que, nesse horário, "90% dos clientes vão às oficinas devido a problemas com os buracos".

Ainda em Olinda, na Avenida Presidente Kennedy, outro dono de borracharia, Evaldo do Nascimento, está trabalhando muito, pois conserta três vezes mais pneus do que antes. Ele aproveitou a presença da reportagem para mostrar um enorme buraco ao lado de sua oficina. "Até agora não houve nenhum acidente aqui. Isso porque sempre coloco um galho de árvore para alertar os motoristas", disse.

Dando uma volta pela Estrada de Belém, no Recife, o JC parou na Borracharia do Zelu. Arnaldo Mendes, o dono, contou que jante amassada não falta e acrescentou que resolve esse tipo de problema por R$ 10. Nesse instante, um cliente chamado Rogério Ribeiro chegou. "É tanto buraco que não sei mais o que fazer. Vou trocar o pneu da frente porque está com um grande rasgão", falou, apontando para o defeito.

Na paralela da Avenida Caxangá, Antônio da Silva, funcionário de uma pequena borracharia, contou que também recebe motos e bicicletas na oficina, embora "o que chega mesmo é carro". Problemas na jante, na suspensão e no amortecimento também são comuns. Segundo ele, com frequência não é possível reparar a peça em 100%, mas, nesses casos, "dá para dar um grau e o carro segue andando".

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