A bolsa de Nova York fechou em alta nesta sexta-feira (22) pela segunda sessão consecutiva, acompanhando a reação de outros mercados globais de ações à recuperação dos preços do petróleo, que voltaram à casa dos US$ 32 por barril; outro fator para o sentimento positivo dos mercados é a expectativa de novas medidas de estímulo econômico por parte do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão (BoJ).
Em outros mercados de ações, a Bolsa de Tóquio fechou em alta de 5,88%, depois de o presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, dizer que a instituição está pronta a "expandir ainda mais, ou fortalecer ainda mais" seu programa de relaxamento quantitativo, "se necessário". A bolsa de Xangai subiu 1,25% e a de Hong Kong avançou 2,90%, depois de altos dirigentes chineses dizerem, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, que o governo do país vai fortalecer a supervisão do sistema financeiro e do mercado de ações. As bolsas europeias tiveram altas fortes (Londres, +2,19%, Frankfurt, +1,99%), em reação à recuperação do petróleo e à sinalização dada ontem pelo presidente do BCE, Mario Draghi, de que "será necessário revisar ou reconsiderar a posição de nossa política monetária em nossa próxima reunião, no começo de março".
Oliver Pursche, CEO da Bruderman Brothers, disse que "há muita gente dizendo à boca pequena que haverá uma ação coordenada de bancos centrais. Isso levou a um movimento de cobertura de posições" e que "a correlação entre ações e petróleo sem dúvida tem sido elevada ultimamente".
"Há uma probabilidade muito maior de mais estímulo neste ano do que pensávamos dois dias atrás", afirmou o economista Chris Hare, da Investec; ele ressalvou que há dúvidas sobre o impacto que novas medidas de estímulo do BCE poderão ter sobre a economia da zona do euro, já que as taxas de depósito já estão negativas e não haveria muito espaço de manobra para a expansão do programa de relaxamento quantitativo.
Participantes do mercado também continuam a advertir que muitos dos fatores que levaram as ações a cair desde o começo do ano continuam no lugar, sugerindo que essa recuperação pode ter vida curta; entre eles estão as dúvidas sobre a perspectiva da economia da China e outros mercados emergentes, o excesso de oferta global de petróleo e quais deverão ser os efeitos desses fatores na economia e nas empresas dos EUA.
"Não estou seguro de que as palavras otimistas do BCE e do BoJ são suficientes para me convencer de que já passamos do fundo do poço. Eu gostaria de ver as ações subindo em reação a indicadores norte-americanos fortes, ou a uma perspectiva otimista sobre os lucros das empresas, ao invés de expectativas sobre política monetária, para podermos declarar que o pior já passou", disse o estrategista-chefe da Natixis Global Asset Management, David Lafferty. Tanto o BoJ como o Federal Reserve têm reuniões marcadas para a próxima semana.
Os indicadores divulgados nos EUA saíram relativamente positivos O índice de atividade nacional do Fed de Chicago subiu a -0,22 em dezembro, de -0,36 em novembro; embora dezembro tenha sido o quinto mês consecutivo de índices negativos, o índice do mês saiu melhor do que a expectativa dos economistas da Wrightson Icap, de -0,50. O índice de atividade industrial dos gerentes de compras subiu a 52,7 na pesquisa preliminar de janeiro, de 51,2 em dezembro; economistas consultados pelo Wall Street Journal previam que o índice recuasse para 51,0.
O índice dos indicadores antecedentes da Conference Board recuou 0,2% em dezembro, em linha com a expectativa, depois de subir 0,5% em novembro. A Associação dos Corretores de Imóveis dos EUA (NAR) informou que as vendas de imóveis residenciais usados subiram 14,7% em dezembro, para a média anualizada de 5,46 milhões de unidades, superando a expectativa dos economistas, de 5,30 milhões; em comparação com dezembro de 2014, as vendas cresceram 7,7%. A mediana dos preços de moradias usadas alcançou US$ 224.100 em dezembro, com alta de 7,6% em relação a dezembro do ano anterior; dezembro foi o 46º mês consecutivo de altas anuais dos preços.
O trader Michael Antonelli, da RW Baird, observou que entre as ações que mais subiram nas últimas duas sessões estão algumas das que mais haviam caído desde o começo do ano, como Amazon.com (+3,71%) e Facebook (+4,01%) e que "seriam necessários muitos dias de estabilização dos preços do petróleo e do mercado de ações para nos sentirmos melhor sobre a direção que as coisas estão tomando".
Todos os dez componentes setoriais do índice S&P-500 fecharam em alta, com destaque para os de energia (+4,31%), tecnologia (+2,81%), telecomunicações (+2,37%) e o financeiro (+1,95%). O componente com pior desempenho foi o de indústrias (+0,76%).
Das 30 componentes do Dow Jones, 27 ações fecharam em alta; entre os destaques da sessão estavam Apple (+5,32%), Microsoft (+3,59%), Goldman Sachs (+3,44%); as do setor de energia também tiveram altas fortes (Chevron, +3,07%, ExxonMobil, +3,33%). As da American Express caíram 12,10%, em reação a seu informe de resultados do quarto trimestre; as da General Electric, que também divulgou balanço, recuaram 1,22%.
O índice Dow Jones fechou em alta de 210,83 pontos (1,33%), em 16.093,52 pontos. O Nasdaq fechou em alta de 119,12 pontos (2,66%), em 4.591,18 pontos. O S&P-500 fechou em alta de 37,91 pontos (2,03%), em 1.906,90 pontos. Na semana, o Dow acumulou uma alta de 0,66%, o Nasdaq, um avanço de 2,29% e o S&P-500, um ganho de 1,41%. Desde o começo do ano, porém, o Dow acumula uma queda de 7,64%, o Nasdaq, uma baixa de 8,31% e o S&P-500, uma perda de 6,70%.