Mais inclusão no mercado de trabalho

Cresce o número de admissões de pessoas com deficiência
Davi Souza
Publicado em 23/06/2019 às 12:53
Cresce o número de admissões de pessoas com deficiência Foto: Divulgação


O mercado de trabalho para pessoas com deficiência tem sido ampliado ano a ano. Segundo os Ministérios do Trabalho e da Economia, no ano de 2018 o número de admissões registrou aumento de 20,6%, em comparação a 2017, quando 407.266 mil vagas foram ocupadas por essa parcela da população – um aumento de 5,1% em relação a 2016.


Este aumento de admissões para a população de pessoas com deficiência é fruto das 11,4 mil inspeções em empresas pelo País ao longo do ano de 2018. As fiscalizações foram feitas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.

O supervisionamento foi realizado com o objetivo de assegurar a inclusão social dessa população, assegurada pela “Lei da cota”.
A Lei nº 8.213, também conhecida como “Lei da cota”, em vigor desde 1991, coopera para a empregabilidade do público deficiente do Brasil. A legislação estimula empresas a contratarem percentuais específicos de deficientes, em cima do valor total de colaboradores. Quanto mais as corporações crescem, mais precisam contratar profissionais com deficiência.

De acordo com o regulamento, empresas com 100 e 200 vínculos empregatícios devem reservar 2% das vagas para profissionais com alguma deficiência. O número aumenta de acordo com a quantidade de funcionários, chegando a 5% para empresas com mais de mil colaboradores.

Parte do crescimento se deve, também, a projetos incentivadores como o Pizza Maker & Down, idealizado pela chef Erilene Monteiro. O programa é uma extensão do Centro de Especialização de Pizzas e Pizzaiolos (CEPP), em atividade há 18 anos, e tem por objetivo trazer reconhecimento e rentabilidade para pessoas com síndrome de Down. Este ano, o Pizza Maker & Down recebeu o Prêmio Excelência e Qualidade Brasil 2019, pela Associação Brasileira de Liderança.

“Antes de executar o projeto, passei um ano sofrendo preconceito, com dificuldades de inserir nossos alunos com Down no mercado de trabalho. Levei muita porta na cara, e isso me preocupou. A partir dessa experiência negativa, passei a refletir sobre o futuro dos meus alunos. Pensando na perspectiva de vida deles, decidi criar um buffet composto, exclusivamente, por pizzaiolos com Down, e toda a rentabilidade do projeto vai ser destinada para eles e para o projeto”, explicou Erilene.

Os alunos ficaram muito satisfeitos e felizes com a conquista. “Só tenho a agradecer por tudo de bom que Erilene fez pra gente”, disse o aluno do projeto Pizza Maker & Down, Miguel de Souza.

MAIS INCLUSÃO

Mesmo com o aumento no número de contratações, deficientes ainda precisam lutar muito por seus espaços no mercado de trabalho. Segundo pesquisa realizada pelo MTE em abril deste ano, existem mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. Entre elas, 30 milhões já estão em idade de trabalhar, entretanto, apenas 19 milhões declararam ter alguma ocupação. Segundo o ministério, o alto nível de desemprego se dá, em parte, pela falta de cumprimento da lei pelas empresas.

Recepcionista da Santa Casa de Misericórdia do Recife, Lília Lima sentiu na pele a rejeição causada por sua condição física. “Procurei emprego durante quatro anos no mercado, e nesse período recebi algumas ligações para entrevistas, mas as empresas, ao saberem que eu sou usuária de cadeiras de rodas, não contratavam argumentando falta de acessibilidade. Só consegui um emprego em outubro de 2018”, conta Lília.

Cientes das dificuldades encontradas pelas pessoas com deficiência, algumas corporações têm promovido seleções de emprego sem vagas específicas, e também ambientes corporativos com mais acessibilidade para estes indivíduos. “Atualmente, em Pernambuco, a TIM possui 18 colaboradores com deficiências. Para melhor recebê-los, passamos por uma consultoria de RH que nos direcionou a fazer algumas mudanças tanto no ambiente de trabalho físico, garantindo rampas, espelhos, puxadores de porta, quanto no social, aprimorando noções relacionais”, afirma a gerente de Recursos Humanos da TIM Nordeste, Renata Pimentel.

“Além de agregarem à instituição com suas produções, estes indivíduos trazem também para nós uma visão totalmente abrangente e favorável. Eles garantem melhores atendimentos e recepções dos clientes e dos demais funcionários que também possuem dificuldades do mesmo tipo”, completa a gerente de RH.

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