Emprego

Salários pernambucanos na área de TI não crescem no mesmo ritmo do Brasil

Entre os motivos, estão falta de mão de obra técnica

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 07/05/2012 às 7:00
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Quem se forma hoje na área de Tecnologia da Informação (TI) em Pernambuco dificilmente fica sem emprego. O mercado está bom, absorvendo os formados numa velocidade incrível. Dá até para subir nos planos de cargos e carreiras das empresas bem mais rápido quando comparado a profissionais de outras áreas. O que tem mudado pouco, no entanto, é o bolso da classe.

Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) elaborado pela RCR Consultoria e Gestão Empresarial atesta que somos um dos três Estados brasileiros que não terão escassez de profissionais para atender o mercado em 2014. Segundo as projeções de “O mercado de profissionais de TI no Brasil”, por aqui a demanda e a oferta de pessoal serão praticamente equivalentes.

Mas os salários iniciais dos profissionais de TI estão abaixo da média nacional em 7 das 10 funções identificadas. Enquanto a média nacional é de R$ 2.052, em Pernambuco é de R$ 1.580. A remuneração de um analista de redes e de comunicação de dados, por exemplo, é de R$ 2.522 no Rio de Janeiro (a mais alta do País) e R$ 1.579 em Pernambuco, acima apenas da Bahia, com R$ 1.433. Os dados mostram ainda que os salários crescem acima da inflação em todos os Estados analisados desde 2003, com exceção de Pernambuco e do Distrito Federal. Confira mais dados na arte ao lado.

O estudo foi elaborado avaliando a formação, distribuição e salários da categoria em oito localidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

O presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, concorda que “Pernambuco tem um padrão de capital humano diferenciado”. “O que acontece muitas vezes é que tem-se uma baixa formação técnica para o nosso mercado, de maneira que quem supre essas faltas são pessoas de formação superior, o que gera uma certa tensão e consequentemente por vezes faz o valor dos salários serem menores”, argumenta.

“Esse cenário pode dar a impressão de que os salários não crescem, mas, na verdade, há muitos ramos em que as remunerações estão muito boas. No fim das contas, o mercado paga mais para uns e menos para outros”, acrescenta.

A quantidade de profissionais de TI disponíveis no mercado pernambucano não significa necessariamente que a oferta de mão de obra é de alto padrão. Apesar da grande quantidade de vagas por aí, muitas empresas alegam que não está nada fácil conseguir recrutar funcionários. Como forma de driblar a situação, a MV, líder nacional em sistema de gestão de saúde, encontrou uma fórmula que tem dado bons resultados.

Através do programa Encontrei um Talento, a área de recrutamento e seleção da companhia divulga semanalmente as vagas ociosas. Os colaboradores, por sua vez, multiplicam a divulgação entre amigos e contatos de fora, com ajuda das redes sociais e observando aqueles que se encaixam no perfil desejado. A partir daí, os currículos são encaminhados para o setor de Recursos Humanos, que analisa os candidatos. Caso a pessoa seja contratada, o colaborador da MV responsável pela indicação é premiado com um voucher de compras dos sites da Americanas, Walmart e/ou Saraiva, com valor que geralmente corresponde a 20% do salário da vaga que foi preenchida, podendo variar entre R$ 300 e R$ 1 mil.

QUALIFICAÇÃO - Saboya, do Porto Digital, informou que será dada ênfase, a partir de agora, à formação de quadros técnicos para que se possa obter um nível de oferta em compasso com o padrão de qualidade e a adequação de funções em Pernambuco. “Vamos começar, a partir da semana que vem, uma nova versão da pesquisa já realizada em 2010, com o objetivo de traçar o perfil das empresas que estão recrutando mão de obra, para atualizar o panorama que já temos”.

O presidente lembra que, de 2011 até 2013, o programa de formação de capital humano do porto terá formado 6 mil pessoas, em vários setores. “Obedecemos a regra de que 50% dos que participam são empregados das empresas e os outros 50% são estudantes”. O destaque, segundo ele, fica para os programas de formação do próprio Porto Digital, do Cesar e da Softex.

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