NEGÓCIOS

Franqueados da Oi criticam operadora

Associação que representa os lojistas diz que os estabelecimentos estão em crise por causa da política da empresa

Rosália Vasconcelos
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Rosália Vasconcelos
Publicado em 14/06/2013 às 10:23
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Após sucessivas mudanças na política comercial da operadora Oi com franqueados no Nordeste,lojas e quiosques da região não estão conseguindo sustentar custos de manutenção da marca e alguns já começaram a fechar as portas. De acordo com a Associação Nacional de Lojistas Oi - Alô, em Pernambuco são cerca de 20 franquias, sendo 11 associadas à entidade. Destas, quatro já encerraram suas atividades, resultando em 79 demissões. No Nordeste, a situação é mais grave: mais de 20% das 90 lojas na região associadas à Alô foram à falência nos últimos 12 meses, demitindo cerca de 650 profissionais. 

“Desde 2006 a empresa foi reduzindo valores e as formas de remunerar seus franqueados. Por exemplo, existe o serviço de resgate de linha para o cliente roubado ou o que perdeu o chip. Antes recebíamos R$ 18 por regaste feito na loja. Hoje, esse valor é fixo em R$ 350 independentemente da quantidade de resgates que fizermos. Há períodos que são mil recuperações de linhas. Esse valor não paga um funcionário e os franqueados não podem se negar a fazer o serviço com ameaça de sermos notificados pela Anatel”, diz o diretor da Alô, Deusimar Júnior. O número de associados à Alô no Nordeste representa 90% das franquias. 

Segundo ele, para manter a saúde financeira da loja, muitos empresários estão fazendo cortes de custo, demitindo os funcionários. “Mas estamos chegando num ponto de que não temos mais como demitir porque temos que ter um limite mínimo de pessoas para manter as lojas.” Deusimar diz que já tentou conversar com a Oi para reequilibrar os contratos, mas a empresa se mostra irredutível. “O contrato permite que o franqueador realize mudanças na política comercial com os franqueados, desde que se mantenha o equilíbrio econômico do negócio. E essa foi uma mudança unilateral”. 

Hedivan de Melo há 11 anos é franqueado da marca. Em 2006, possuía 11 estabelecimentos da Oi, mas se viu obrigado a fechar um em Campina Grande, um em Teresina e um em Fortaleza. “Venho sofrendo com mudanças na política de comissionamento, que reduz margens de lucro da empresa. E os nossos custos com aluguel, salários e outras contas só aumentam.” 

Entre as mudanças, Hedivan cita a vinculação do recebimento da comissão ao pagamento das contas dos clientes. “Ou seja, a Oi está exigindo do franqueado que o cliente pague as suas primeiras contas em dia. Com um simples atraso em uma das contas, vai existir um estorno de 100% dessa remuneração paga a nós”. Hedivan, que hoje possui quatro lojas no Recife, duas na Paraíba e duas no Ceará, disse que está com um prejuízo operacional na casa dos milhões. Uma franquia custa cerca de R$ 1 milhão.

Procurada pelo JC, ontem, a Oi disse que não iria se pronunciar sobre a questão.

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