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Novartis inicia construção nesta segunda (16)

Primeiras peças serão montadas a partir desta segunda. Operação da unidade, orçada em R$ 1 bi, está prevista para 2016

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 14/12/2013 às 0:09
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Depois de dois anos do anúncio da mudança do Polo Farmacoquímico de Goiana, na Mata Norte, para Jaboatão dos Guararapes, a planta fabril da Novartis, orçada em R$ 1 bilhão, finalmente começa a ganhar corpo. Nesta segunda-feira, terá início a montagem das peças de pré-moldados. Uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi anunciada para qualificar mão de obra local (ver matéria ao lado).

Pelo calendário da gigante suíça, as obras estarão concluídas no primeiro semestre de 2015. As operações da unidade deverão começar em 2016 e a operação comercial, em 2018. 

A Novartis de Jaboatão será o primeiro grande destaque da região Nordeste na área de biotecnologia e colocará o Brasil em posição privilegiada na produção de componentes para elaboração de uma vacina revolucionária contra meningite B, chamada Bexsero.

Os avanços na área de biotecnologia ocorrem a uma velocidade surpreendente. Por isso, a fábrica pernambucana está sendo erguida vislumbrando um cenário de longo prazo. “O céu é o limite”, avalia o diretor de relações institucionais de vacinas da companhia, Emad Musleh. 

“Esse é um projeto para os próximos 50, 100 anos”, reforça. Inicialmente a Novartis seria erguida num terreno de 4 hectares, às margens da BR 101, próximo à fábrica da Vitarella. Mas neste ano a empresa anunciou uma expansão e adquiriu outro terreno, ao lado, de 13 hectares, totalizando agora 17 hectares.

O diretor da fábrica, Markus Schneider explica que o foco prioritário da planta será, pelo menos em princípio, a produção de três dos quatro componentes necessários para fabricação da Bexsero. 

A vacina foi aprovada recentemente na Europa e já foi introduzida em mercados como o alemão e o italiano. No Brasil, o registro é esperado para março do ano que vem. 

“A Bexsero tem se tornado uma das prioridades do País em termos de saúde pública”, diz Musleh. Mas o que ela tem de tão revolucionária?

A chamada “vacinologia reversa”, método pelo qual a Bexsero será fabricada em Jaboatão, tende a substituir o processo produtivo tradicional. 

INOVAÇÃO

Trata-se de uma concepção inversa aos métodos que vinham sendo utilizados nos últimos 50 anos, que não se mostraram viáveis para a produção de uma vacina amplamente efetiva contra o meningococo B, causador da doença. 

As pesquisas da Novartis com parceiros mostraram que era possível estimular a defesa nos seres humanos com a produção de anticorpos através de proteínas da cápsula da bactéria. Esse será mais um passo para colocar o Brasil na rota mundial da biotecnologia, hoje fortemente concentrada da Europa. 

A Novartis terá capacidade de produzir 12 milhões de doses da vacina por ano para o mercado interno e mais 8 milhões para o mercado externo, totalizando 20 milhões de doses anuais.

Do valor de R$ 1 bilhão de investimentos, R$ 804 milhões serão de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

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