CARCINICULTURA

Produção de camarão cai e preço dispara

Produtores do Estado reduzem oferta e preço do crustáceo tem alta de quase 60% para o consumidor final

Giovanni Sandes
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Giovanni Sandes
Publicado em 24/01/2014 às 13:34
Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
Produtores do Estado reduzem oferta e preço do crustáceo tem alta de quase 60% para o consumidor final - FOTO: Foto: Renato Spencer/Acervo JC Imagem
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O camarão está voltando a ser artigo de luxo no Estado. A alta de preços bateu 58% no Grande Recife, em 2013, contra uma média nacional de 14%, segundo o IBGE. A disparada surgiu de um desequilíbrio: a procura grande contra uma oferta que despencou. O resultado é o quilo do camarão de 10 gramas sem cabeça, um produto de referência nesse mercado, saindo em torno de R$ 30 para o consumidor final.

“A indústria ainda absorveu um bocado do aumento, que para nós foi maior, de quase 100%”, comenta Guilherme Blanke, diretor-presidente da Noronha Pescados. A empresa compra o camarão das fazendas do crustáceo e faz o beneficiamento – por exemplo, congela e embala o produto.

Guilherme trabalha no setor há 40 anos e lembra que o cultivo das larvas e a engorda do camarão já foram uma mina de ouro em Pernambuco. Na época do dólar nas alturas, a carcinicultura era para exportação. “A gente sequer conseguia comprar para revender no Brasil”, lembra.

O primeiro grande problema dos criadores veio em de 2004, quando os Estados Unidos decidiram sobretaxar o camarão brasileiro com base na lei antidumping, por suposta venda abaixo do custo.

Problemas fitossanitários – o risco de contaminação do crustáceo entre países – travaram importações e exportações. Enquanto isso, o dólar barateou muito. Assim, as exportações sumiram. “Imagine 200 mil toneladas de camarão no mercado interno de uma vez só. Era vender barato ou perder tudo. Nessa época o camarão se popularizou em bares, supermercados, hotéis”, conta Maurício Lacerda, presidente do Sindicato das Empresas de Aquicultura e Pescados de Pernambuco.

Até o início desta década o mercado vinha em lenta recuperação. Até que a Mata Norte de Pernambuco, onde se concentravam 80% da produção estadual, foi dizimada em uma cheia, em 2012. “As empresas perderam tudo. Muita gente se endividou para produzir de novo e ainda veio outra cheia. Vários produtores desistiram da atividade”, relata Maurício.
Saíram da criação e engorda empresas tradicionais, como Atlantis Aquacultura e Netuno Pescados. O setor concentrou a atuação no beneficiamento. Como o cultivo era em estruturas em terra firme, algumas empresas desativaram a produção de olho no mercado imobiliário.
Tudo isso fez a produção estadual sair do ápice foi de 70 mil para 20 mil toneladas por ano.
“O camarão do Ceará e do Rio Grande do Norte vai direto para o Sudeste. Como quem abastece Pernambuco ainda é a pouca criação local, a subida de preços foi por causa da pouca oferta mesmo”, reconhece Maurício.
“O camarão voltou a ser artigo de luxo e o preço se estabilizou. Não é mais o produto de combate do supermercado para atrair o cliente”, diz Guilherme.

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