Carnaval

O otimismo moderado do vuco-vuco

Apesar de o carnaval ter caído em março, justo no ano da copa, as vendas de fantasias e adereços não atingiram a grande expectativa dos comerciantes

Gabriela Viana
Cadastrado por
Gabriela Viana
Publicado em 24/02/2014 às 15:59
Edmar Melo/JC Imagem
Apesar de o carnaval ter caído em março, justo no ano da copa, as vendas de fantasias e adereços não atingiram a grande expectativa dos comerciantes - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
Leitura:

Com o Carnaval no início de março, logo no ano da Copa, as expectativas dos lojistas eram as melhores. Mas, ao contrário do esperado, as vendas ainda não foram tão abundantes. “Não é que o comércio esteja fraco. A questão é que todos estavam esperando mais”, explica a proprietária do um dos boxes localizado na rua das Calçadas, Valéria Guimarães.

O Centro do Recife, mais conhecido como vuco-vuco, está, como de costume, vendendo de tudo, inclusive artigos carnavalescos. São muitas as lojas que buscaram tematizar suas vitrines de acordo com a época, mas, ainda assim, em se tratando de quantidade de ambulantes, por exemplo, não superam os anos anteriores. 

“Está difícil de achar as coisas. Eu só compro em lojas por sair mais barato pra mim, que levo de muito. Mas o que tem é caro e está tudo sujo ou quebrado. Eu tive que rodar bastante para fazer as compras”, comenta a costureira Daniely Santiago, de 30 anos.

E a visão da escassez carnavalesca não é só da profissional. A policial Rita de Kássia, 35, foi ao centro com o seu marido, o professor Nilson Castelo, 34. O casal fazia a “feira momesca”, o que envolvia tanto artefatos para a casa quanto fantasia para a caçula e máscaras para os dois filhos mais velhos. “Sempre escolhemos o Centro da cidade”, diz Rita. “Chegando aqui compramos logo tudo, e até a minha mulher entrou de tabela nas compras, levando uma fantasia. Mas roupas de adulto estão muito caras”, queixa-se Nilson.

Fantasias para crianças podem ser encontradas por uma média de R$ 60 em lojas e por R$ 30 em barracas de comércio informal. Já roupas para adultos ficam por R$ 150 e R$ 70, respectivamente. Os personagens infantis que estão saindo mais são as da monster high para as meninas, além da clássica passista. Já para os meninos, o sucesso também está nos desenhos animados, como o Ben 10, e os já comuns, porém não menos favoritos entre os garotos, heróis. Entre eles estão o Homem-aranha, o Batman e o Superman. Além disso, adereços com cores do Brasil também estão fazendo sucesso entre os consumidores.

Apesar da alta nos preços, Valéria, por exemplo, diz que baixou ao máximo o preço de suas mercadorias. “Já fizemos muita promoção. Não dá para diminuir mais ainda”, afirma. O que ela fala é exatamente o retrato da economia brasileira, de acordo com diretor do centro de pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio), Osvaldo Ramos. “No cenário econômico atual, onde cresce cada vez mais a taxa de juros, o endividamento das pessoas se torna comum e, claro, elas têm que dar prioridade às suas necessidades”, explica Ramos.

O professor de finanças da Faculdade Boa Viagem (FBV) Alexandre Moura opina no mesmo caminho. “Apesar de o Carnaval ser democrático, a folia exige seu custo de necessidades básicas”, diz. “Uma fantasia simples pode custar R$ 150. Já uma cerveja custa R$ 4. E e se a pessoa tomar cinco já são mais R$ 20, além do transporte, a água e a comida. Para quem vai aos camarotes ainda tem o ingresso da festa, que pode ser até R$ 300”, contabiliza o professor, justificando o alto tíquete médio (expectativa de gasto) na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Por todas as necessidades do dia a dia, os foliões não estão gastando tanto com os adereços carnavalescos, mas, assim como todos falaram, isso não impede os improvisos para manter o colorido e a alegria da época.

 

Últimas notícias