Indústria naval

Estaleiro Atlântico Sul já importou US$ 81,4 milhões em navios chineses

Preocupação é que as importações ultrapassem o conteúdo nacional de 65% e estimule o desempego

Adriana Guarda
Cadastrado por
Adriana Guarda
Publicado em 29/06/2014 às 8:00
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
Preocupação é que as importações ultrapassem o conteúdo nacional de 65% e estimule o desempego - FOTO: Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
Leitura:

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) importou US$ 81,4 milhões em partes de navios da China ao longo de 2013, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Os “navios-tanques” (nomenclatura que aparece para o produto importado) foram usados para acelerar a montagem dos petroleiros Dragão do Mar e Henrique Dias. Até o final de 2016, o EAS precisa entregar à Transpetro o último navio de uma série de dez petroleiros suezmax encomendados pela estatal. Até agora, três embarcações foram concluídas. No setor, o questionamento que se faz é se essas importações estariam respeitando o conteúdo nacional de 65% estabelecido pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado para ressuscitar a indústria naval no Brasil.

Pelas regras do conteúdo nacional, as importações precisam ficar limitadas a 35% do valor total de cada petroleiro. O valor fixo de uma embarcação desse tipo (sem correções) é de US$ 120 milhões. Se para cada embarcação foi feita uma importação de US$ 40,7 milhões, o conteúdo estrangeiro já estaria em 34,3% (quase no teto). A Câmara Setorial de Equipamentos Navais e Offshore da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) já andou questionando essa conta, ressaltando que é pouco provável que as importações se limitem aos navios-tanque por que outros componentes da embarcação, a exemplo do motor principal, precisam ser importados e ultrapassariam o valor de limite do Promef.

As compras de navios chineses fez o EAS figurar em 4º lugar no ranking das principais empresas importadoras de Pernambuco. Foram 27,7 mil toneldas de carga chinesa. O item navios-tanque, que sequer figurava na pauta de importações, já aparece em 11º lugar na lista. No chão de fábrica, funcionários relatam o temor de que as importações cresçam e signifiquem desemprego. “Essas coisas sempre vazam entre os peões. Os japoneses comentam por aqui que a parceria com a IHI Corporation (sócia do EAS com um terço de participação e parceira tecnológica do empreendimento) pode resultar na importação de blocos também do Japão”, diz um supervisor, que pediu para não ter seu nome reveldo.

Em nota encaminhada ao JC, a Transpetro reafirma que o conteúdo nacional vem sendo mantido, assim como infrmou em novembro do ano passado, quando um navio-tanque desembarcou no Complexo de Suape. “A Transpetro esclarece que os sete navios entregues à companhia através do Promef atingiram o índice de conteúdo nacional mínimo de 65% estipulado para a primeira fase do programa”, diz o texto.

Em dezembro de 2013, durante conversa de balanço de fim de ano com a imprensa, o presidente do EAS, Otoniel Silva Reis, explicou que as importações estavam acontecendo e iriam contibuar se fossem necessárias para acelerar o cronograma de entregas dos navios. Em 2014, a meta é entregar dois navios. Em 2015 serão outros três e em 2016 mais quatro. Na comnversa com os jornalista Silva pontou que considerava alto o degrau de 65% de conteúdo nacional, dando exemplo de outros países que privilegiaram a produção doméstica, mas apostaram num conteúdo gradativo, como a Noruega. Mesmo considerando a meta alta, Reis afirmou que o limite estava sendk cumprido pelo EAS.

Últimas notícias