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Entidade fará a certificação em nanoescala

Os consumidores brasileiros já usam 1,6 mil produtos que têm nanomateriais

Do JC Online
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Publicado em 06/07/2014 às 9:00
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Angela Fernanda Belfort

 

No Brasil, os produtos que usam nanopartículas já são mais de 1,6 mil e estão em roupas, cremes faciais, pasta de dente, protetor solar, filtro de ar-condicionado, tintas de parede, fármacos, xampus, painel de veículos, entre outros. Essas nanopartículas desenvolvem ações específicas, por exemplo, a antifúngica e a antirrugas. “Usamos produtos que têm nanomateriais da hora que acordamos e até dormindo”, diz a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Patrícia Farias, também coordenadora do Núcleo de Controle da Qualidade de Produtos Nanoengenharáveis (Nanoquali). A recém-criada entidade está sediada no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), na Cidade Universitária, e vai oferecer uma certificação às indústrias brasileiras que usam os nanomateriais, atestando a eficiência deles.

Nanomaterial é uma substância estruturada na ordem de um nanômetro, medida que corresponde a um bilionésimo de metro, ou seja, é igual a 0,000000001 de um metro. Para quem pensa que isso está distante da sua realidade, basta saber que um pen drive há várias nanoestruturas que possibilitam o armazenamento de dados; um celular possui nanocircuitos impressos que permitem o fluxo de dados rápidos e até um simples creme dental tem nanopartículas de óxido de zinco. “Essas nanopartículas servem como clareadoras, espalhando a luz e intensificando a impressão de dentes brilhantes”, comenta.

“A necessidade de regulamentar o uso dos nanomateriais vai chegar aqui. Então, decidimos que não seríamos pegos de surpresa”, explica Patrícia, acrescentando que esse controle é necessário em qualquer tecnologia. Como exemplo, ela cita os lençóis com nanopartículas que trazem ação antibacteriana ao tecido. “Se forem colocadas nanopartículas em excesso, o tecido pode perder essa função”, afirma. 

O núcleo surgiu devido a um acordo de cooperação da Secretaria estadual de Ciência e Tecnologia, Cetene, Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep) e Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), que pertence à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Patrícia afirma que o Nanoquali está em fase de prospecção de empresas interessadas no serviço. “Até agora, a recepção das empresas tem sido excelente e identificamos futuras parceiras nos setores de cosméticos, tintas, embalagens de alimentos e biotecnologia”, conta. O núcleo iniciou uma parceria com a multinacional Basf, chegando a receber executivos alemães no Recife. “Estamos definindo como será essa parceria. Em princípio, seria mais um intercâmbio, porque a Basf tem a maior unidade de nanotoxicologia do mundo”, afirma. A próxima reunião com executivos da companhia deve ocorrer em outubro, na Alemanha.

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