SUSTENTABILIDADE

Descarte vira um bom negócio

Empresa faz o descarte de geladeiras, retirando, corretamente, os gases nocivos à camada de ozônio

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 17/08/2014 às 9:00
Ricardo Labastier
Empresa faz o descarte de geladeiras, retirando, corretamente, os gases nocivos à camada de ozônio - FOTO: Ricardo Labastier
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Descartar todos os materiais utilizados numa geladeira – incluindo os gases que são nocivos à camada de ozônio – de uma forma mais ambientalmente amigável é uma ação sustentável e se transformou num negócio promissor para a Revert Brasil, empresa que tem sua sede em Recife, uma fábrica em Minas Gerais e atuação em Brasília e mais oito Estados. “Fazemos a manufatura reversa, que é dar o destino correto a todos os materiais usados no refrigerador, conta Eduardo Jansen, sócio da Publikimagem, que detém o controle acionário da Revert Brasil.

Segundo Eduardo, o que mais contribuiu para alavancar o negócio da empresa foi a Instrução Normativa nº 14 de 2012, que entrou em vigor no ano passado. O artigo 11º dessa norma diz que não é permitida a liberação de Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs) na atmosfera. Dentro da geladeira, são colocadas os gases CFC e HCFC, duas substâncias enquadradas como SDOs.


“O ponto chave do negócio se tornou a retirada do gás”, conta o assessor da diretoria da empresa, Lucas Cavalcanti. Na geladeira, cerca de 20% desses gases estão no motor. Os 80% restantes estão numa espuma que faz o revestimento térmico do eletrodoméstico, ficando por dentro do plástico usado internamente em toda geladeira.
A fábrica da empresa tem um maquinário que separa a espuma do gás num processo a vácuo, utilizando um maquinário alemão. “É uma tecnologia nova no País e conseguimos esse equipamento devido a um acordo de cooperação com a Agência de Cooperação para o Desenvolvimento da Alemanha (GIZ)”, conta Eduardo. No acordo, a companhia se comprometeu a construir a fábrica, instalada em Cariaçu (MG), e a GIZ doou o equipamento. “É o único no Brasil que faz isso”, diz.


Os sócios da empresa não revelam o faturamento. Só para dar uma ideia de como o negócio aumentou, a Revert Brasil começou a desmanchar as geladeiras precariamente em 2006, quando recolheu 1.380 unidades no programa de Eficiência Energética da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). Na época, era retirado apenas o gás do motor. “Não havia tecnologia disponível para retirar o gás das outras partes”, lembra um dos sócios da Publikimagem, Rominho Pimentel.

Os empresários não revelam o faturamento da empresa. Para se ter uma ideia, a empresa desmanchou 30 mil geladeiras em 2013. Este ano, a expectativa é de descartar 40 mil eletrodomésticos. Todos os refrigeradores são recolhidos pelos programas de eficiência energética das distribuidoras de energia. Atualmente, a companhia não presta mais serviço para a Celpe.

“Já estamos sendo procurados até por uma multinacional que fabrica geladeiras interessada em recolher o produto dentro do que manda a Instrução Normativa nº 14”, conta Lucas. Ao desmanchar uma geladeira, são encontrados metais, plástico, vidro, cobre e gases.

Os gases vão para uma central de recuperação. Uma parte dele é reutilizado na fabricação de sistemas de refrigeração. A outra é armazenada. E os demais materiais são vendidos para a indústria. A Publikimagem atua também na área de marketing, eventos e comunicação.

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