Lava Jato

Petrolão provoca demissões no setor metalmecânico de Pernambuco

Dívidas da Petrobras com empreiteiras atingem empresas locais

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 27/11/2014 às 10:16
Heudes Regis/JC Imagem
Dívidas da Petrobras com empreiteiras atingem empresas locais - FOTO: Heudes Regis/JC Imagem
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A crise na Petrobras, desencadeada pela Operação Lava Jato, respingou no setor metalomecânico de Pernambuco. A indústria, que seria uma das principais beneficiadas pela chegada da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), da PetroquímicaSuape e dos estaleiros, enfrenta uma das maiores crises da história da atividade. Sem receber pagamento das empreiteiras que constroem a Rnest, nove empresas começaram a demitir funcionários, a atrasar salários e a acumular dívidas de rescisões. Até agora, 370 trabalhadores já foram demitidos e outros 1.000 estão sem receber salários. Num cálculo inicial, a dívida com as indústrias é estimada em R$ 30 milhões. 

“Empresas importantes, que construíram o setor metalmecânico no Estado estão enfrentando uma grave situação, graças a irresponsabilidade de uma grande empresa (Petrobras). Várias fornecedoras da Abreu e Lima deixaram a obra e saíram de Pernambuco. E as dívidas vão sendo repassadas. Elas não recebem da Petrobras e as empresas fornecedoras também ficam com seus créditos em aberto”, lamenta o presidente do Sindicato das indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco (Simmepe), Alexandre Valença. Hoje, inclusive, a entidade celebra seus 80 anos de fundação, num cenário adverso. 

O Simmepe comunicou a situação das empresas à Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) e entrou em contato com sindicatos de outros Estados para avaliar o calote aos fornecedores se repete em outras praças. “O problema não se restringe ao setor metalmecânico, mas aos fornecedores de modo geral. Nessa lista estão empresas de locação de equipamentos, fretamento de ônibus, fornecimento de fardamento e por aí vai”, destaca Valença. 

Na noite da última terça-feira, representantes de seis empresas participaram de reunião com a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE). “A situação é preocupante. Fomos procurados pela Galvanisa, Metalgil, Norship, Plain, MKS e Máquinas Piratininga. As indústrias avisaram que entraram em crise por conta da falta de pagamentos dos contratos. O problema começou desde abril, mas se agravou a partir de agosto. A Metalgil tinha 290 funcionários, mas precisou demitir 190. A Simisa dispensou outros 180 e várias empresas estão com salários atrasados há 60 dias, a exemplo da Máquinas Piratininga”, detalha o presidente do Sindmetal, Henrique Gomes. 

Valença explica que, além da crise desencadeada pelos problemas com a Petrobras, outros segmentos também entraram em crise. A desaceleração da economia brasileira e a crise global fizeram minguar as encomendas também no setor sucroalcooleiro e eólico (clientes da Metalmecânica). A Impsa entrou em recuperação judicial na Argentina e a crise respingou por aqui. Desde maio a empresa deu férias coletivas aos 800 funcionários de Suape e não está conseguindo arcar com o pagamento dos salários.

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