LÍNGUA

Apesar da relação comercial com a China, procura pelo mandarim é pequena no Recife

De doze escolas de idiomas consultadas pelo JC, apenas uma oferece o curso

Rossini Gomes
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Rossini Gomes
Publicado em 25/01/2015 às 8:00
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
De doze escolas de idiomas consultadas pelo JC, apenas uma oferece o curso - FOTO: Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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O advogado Galdino Leite, 54 anos, decidiu investir na carreira de um jeito diferente. Em vez de fazer um curso específico voltado para a sua área de atuação, algo comum a qualquer profissional, optou por aprender um novo idioma: mandarim. Parece estranho, mas a intenção é estratégica. “Entendo que existe uma carência de profissionais no mercado que tenham domínio dessa língua. Os chineses são uma realidade aqui, já marcam bastante presença, e geralmente estão envolvidos com o comércio. Então, meu objetivo é aproveitar esse filão de mercado e alavancar minha quantidade de clientes”, conta o profissional, que atua na área cível e trabalhista. Mas Galdino é exceção.

Apesar da relação comercial cada vez mais estreita entre a China e o Brasil, a procura pelo idioma predominante naquele país ainda engatinha no Recife. Não é a toa que, de 12 cursos de idiomas da capital consultados pelo JC, apenas um oferece o serviço. “O que motiva a maioria das pessoas a procurarem o idioma é a curiosidade. Mas há quem procure pelo interesse econômico, ou mesmo empresas que incentivam que o funcionário aprenda, para aumentar a relação com a China, até porque a economia daquele país está crescendo muito e isso pode incrementar o negócio”, aponta o professor do Instituto Brasileiro de Línguas (IBL), localizado no Recife, Rogério de Oliveira.

É pensando nessa economia e em relações comerciais que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), em parceria com o Sebrae, organiza missões à China. De acordo com o superintendente do Sebrae-PE, Oswaldo Ramos, o projeto se baseia em três pontos. Inicialmente, é promovido um seminário, do qual participam todos os empresários envolvidos, tanto brasileiros quanto chineses. Depois, vem uma rodada de negócios. Num terceiro momento, são feitas visitas técnicas a universidades e a empresas. 

“Tudo isso é feito com ajuda de tradutores, exceto se algum empresário brasileiro dominar o inglês, por exemplo”, pontua Ramos, que coordenou as missões de 2010 e de 2011. Os intérpretes traduzem do português para o mandarim ou para o inglês, e vice-versa. A viagem deste ano terá como destino provável a China e a Coreia do Sul, mas sem data ainda definida.

A relação com a China (país que mais exporta para o Recife) levou a Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-Recife) a promover, em abril deste ano, sua primeira visita à China. O propósito é permitir a pequenos empresários a possibilidade de comprar produtos a baixo custo – uma forma de enfrentar a competitividade chinesa na capital. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior da Presidência da República, foram exportados da China para o Recife US$ 197,37 milhões (R$ 511 milhões), entre janeiro e novembro de 2014.

Não é à toa que há tantos chineses lojistas no Centro do Recife, público-alvo do advogado Galdino Leite. “Via de regra, eles trabalham no comércio e têm problemas com ações trabalhistas ou dificuldade no juizado especial. Para tudo isso, vão precisar de um profissional. E se for um que fale a língua deles, facilita. Tenho três clientes chineses e uma boa relação com eles. Essa foi uma das razões pelas quais eu quis fazer o curso”, revela o profissional.

Com apenas dois meses de aulas, ele consegue se comunicar com os estrangeiros. “Dou-me ao luxo de ir ao comércio próximo ao Mercado de São José (no Centro) e falar com alguns. Não com tanta perfeição ou um assunto tão longo. Uso expressões do dia a dia e consigo fazer com que me entendam”, comemora.

Leia a íntegra na edição deste domingo (25) do Jornal do Commercio

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