Economia criativa

Peter Thornton: como potencializar projetos culturais

Inglês defende que é preciso buscar fontes variadas de financiamento. Thornton promove workshop no Recife Summer School

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 27/01/2015 às 6:30
Ursula Kelly/Divulgação
Inglês defende que é preciso buscar fontes variadas de financiamento. Thornton promove workshop no Recife Summer School - FOTO: Ursula Kelly/Divulgação
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Com mais de 25 anos de experiência, o inglês Peter Thornton está no Recife para participar do workshop “Avaliação criativa de atividades artísticas e culturais” (inscrições no rss.portodigital.org), dentro da 7ª edição do Recife Summer School, festival promovido pelo Porto Digital com eventos sobre empreendedorismo e inovação nas áreas de tecnologia da informação e comunicação, economia criativa e sustentabilidade. O especialista veio à convite da Proa Cultural para ensinar a transformar dados em informações relevantes na elaboração de projetos.

Confira a entrevista à repórter Raíssa Ebrahim:

JC – Quais são os principais desafios de transformar iniciativas artísticas e culturais em projetos economicamente rentáveis?

Thornton – O primeiro ponto é reconhecer que os projetos culturais e artísticos frequentemente têm mais do que um objetivo que não seja a rentabilidade. Muitas vezes há benefícios sociais, criativos e educativas, além de mérito artístico. A maioria das iniciativas vai exigir mais do que uma fonte de financiamento. Em um clima financeiro difícil, produtores e empresas culturais estão sempre à procura de diversificar as suas fontes de renda.

JC – Como uma avaliação eficaz do impacto do projeto pode aumentar o escopo do trabalho e conseguir ganhos e apoios adicionais?

Thornton – Para as artes comprometidas, há pouca necessidade de justificar o investimento, mas acredito que é crucial a avaliação mais robusta, a capacidade de articular o valor do investimento artístico à entrega. Devemos ser capazes de melhor demonstrar o impacto em que acreditamos, isso ajuda a persuadir mais pessoas para nos apoiar.

JC – Como combinar essas fatores num contexto como o do Brasil, especialmente do Nordeste, onde as iniciativas artísticas e culturais são altamente dependentes de editais?

Thornton – Na minha opinião, oferecer as coisas sem nenhum custo para o participante é igualmente insustentável. Sempre oferecer de graça desvaloriza a oferta cultural. Pessoas que fazem uma contribuição, mesmo que pequena, é a melhor maneira de lidar. 

Há um equilíbrio a ser alcançado, mas, quando as pessoas fazem um investimento (tempo, recurso, talento e dinheiro), elas ficam mais susceptíveis em respeitar, valorizar e sentir um compromisso com o evento ou iniciativa.

No Reino Unido, nossos patrocinadores, autoridades locais, trustes e fundações cada vez dão mais valor a solicitar um nível de financiamento combinado e raramente se sentem confortáveis sendo o um financiador único.

JC – Em geral, quais são os principais pontos a serem observados na avaliação dos impactos econômicos de projetos no campo da cultura e das artes?

Thornton – Impactos econômicos podem ser medido de várias maneiras. Certamente contar custos, equilibrar despesas, procurar a virada financeira fora é uma forma de medir o sucesso. Há muitos outros fatores que são tão importantes quanto, como a regeneração cultural, que, no Reino Unido, tem uma longa história. 

Uma série de vilas e cidades foram literalmente transformada através do investimento cultural visionário e da intervenção, demonstrando benefícios econômicos significativos através da economia dos visitante (turismo), do investimento estrangeiro, a partir de fundos sociais europeus e do desenvolvimento de novos negócios. Cidades como Colchester, Margate, Bristol e Gateshead têm se reposicionado e se reinventado como lugares vibrantes, criativos e atraentes para viver e trabalhar.


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