Metalurgia

Empresa Norship já demitiu 130 funcionários, no Cabo de Santo Agostinho

Crise foi desencadeada pela falta de encomendas e de pagamentos, resultado da operação Lava Jato

Da editoria de economia
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Publicado em 25/03/2015 às 7:00
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Crise foi desencadeada pela falta de encomendas e de pagamentos, resultado da operação Lava Jato - FOTO: Igo Bione/JC Imagem
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A crise na Petrobras, desencadeada pela Operação Lava Jato, continua impactando negativamente o setor metalomecânico em Pernambuco. Fornecedora da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), a Norship Metal foi obrigada a demitir 130 funcionários (65% do quadro inicial de 200 colaboradores), em função da suspensão das encomendas dos estaleiros e de créditos a receber de consórcios da Rnest. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal-PE), a empresa não pagou as rescisões trabalhistas. Ontem, os 70 trabalhadores ativos na unidade fizeram uma paralisação reclamando o atraso no pagamento da última quinzena de salário e em solidariedade aos colegas desligados.

“A justificativa da empresa é que tem créditos de trabalhos realizados para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape”, diz o presidente do Sindimetal, Henrique Gomes. O sindicalista afirma que os funcionários ainda em atuação temem que o desligamento sem o pagamento de rescisões se repita com eles. “A empresa está desligando os trabalhadores sem pagar e sugerindo que eles procurem seus direitos na Justiça”, complementa.

Inaugurada no Cabo de Santo Agostinho em outubro de 2012, a Norship Metal foi uma das empresas que se instalaram no Estado a reboque do nascimento da indústria de petróleo e gás, naval e offshore. A companhia se especializou no fornecimento de equipamentos, acessórios e caldeiras para esses setores.

Os problemas na Norship começaram a se agravar quando o EAS começou a demitir, em função da suspensão das encomendas dos navios-sonda, que seriam construídos para a Sete Brasil. “Precisamos desligar os 100 funcionários que atuavam dentro do Atlântico Sul para atender a esse contrato. Além disso também ficamos sem receber um crédito de R$ 1 milhão referente a uma encomenda de 1.300 toneladas de dutos, que fizemos para o consórcio EBE-Alusa, na obra da refinaria. Se recebêssemos esses valores poderíamos começar a saldar nossos passivos. Mas sem encomendas e com esse déficit de caixa fica difícil”, lamenta o diretor comercial da Norship, Reiqui Abe.

O executivo foi diretor industrial do EAS em 2007, conta que nunca imaginou ver o setor degringolar dessa maneira. “Alguns problemas eram previsíveis, mas ninguém imaginaria uma situação dessas. “O futuro é uma interrogação. A Norship é uma das sobreviventes desse cenário, mas estamos operando com muita dificuldade. Estamos tentando outras encomendas, mas a conjuntura não ajuda”, reforça Abe.

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