INDÚSTRIA

Pernambuco começa a produzir gasolina este mês

Processo será feito através de uma empresa tercerizada da Petrobras

editoria de Economia
Cadastrado por
editoria de Economia
Publicado em 10/04/2015 às 7:49
Divulgação/Agência Petrobras
Processo será feito através de uma empresa tercerizada da Petrobras - FOTO: Divulgação/Agência Petrobras
Leitura:

Em meio à Lava Jato e seus reflexos, o Estado terá em seu território uma atividade até então inédita em Pernambuco: fabricação de gasolina. A produção, em fase de testes, será iniciada ainda este mês, através de um processo chamado formulação. A meta, embora sem data, é que esse fornecimento torne o Estado autossuficiente no combustível.

A fabricação será feita pela empresa italiana Decal, instalada no Complexo Industrial Portuário de Suape e que é a única companhia que pode exercer essa atividade atualmente no País. Segundo o gerente geral da Decal, Jorge de Oliveira Lemos, o início foi possível depois que a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) liberou a operação em dezembro do ano passado.

Até então, a estrutura da Decal, com capacidade de estocar 156 mil metros cúbicos, funcionava com contrato somente de armazenamento com a Petrobras. O cliente é o mesmo. A estatal vai fornecer diferentes tipos de nafta – produto extraído do petróleo e que é fabricado na Refinaria Abreu e Lima – para que a gasolina seja feita.
A expectativa é suprir o consumo interno de Pernambuco, estimado em 110 mil m³ mensais. Porém, a Decal não diz qual o prazo para atingir o objetivo. Lemos argumenta que isso dependerá do mercado e da Petrobras. Por enquanto, a formulação deverá ocupar cerca de 30% da capacidade total atual. Procurada, a Petrobras não diz se essa produção local reduziria o preço ao consumidor.

Apesar dessa dependência externa quanto a uma produção que dê autossuficiência a Pernambuco, a Decal já se prepara para uma demanda ainda maior. Está tramitando na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) desde setembro do ano passado, um pedido de ampliação da capacidade da empresa para 400 mil m³ – crescimento de 150%. Para isso, a empresa pretende investir R$ 250 milhões. Porém, Lemos sabe que esse e outros processos burocráticos podem arrastar o início das obras por até cinco anos.

Lemos destaca que, longe de ser uma ameaça, a Lava Jato reforçou o mercado de armazenagem e formulação, uma vez que a Petrobras não está mais investindo em novas refinarias.

PROCESSO -  A formulação é um processo mecânico, que consiste em misturar hidrocarbonetos para produzir derivados de petróleo, inclusive gasolina. Diferentemente do refino, esse procedimento não é químico: a cada desembarque, as matérias-primas são analisadas para que se chegue à quantidade ideal de cada um para obtenção do produto final. É um método que, embora mais lento, dá destino aos insumos que saem de refinarias mais robustas, como a Abreu e Lima, e atende àquelas demandas que não justificam uma usina específica para um produto como a gasolina.

Esta é uma atividade nova, graças aos atrasos da sua regulamentação. A liberação para este tipo de processo de fabricação começou em 2001, mas divergências sobre detalhes da portaria que dava a permissão a suspenderam em 2003. Somente em 2012 a norma voltou a vigorar. Foi quando a Decal entrou com o pedido. Com a autorização da ANP, a Decal foi a primeira empresa a poder atuar nesta modalidade no País e ainda é a única que pode desenvolver a atividade.

Últimas notícias