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Empreendedorismo é forte no Pina e Brasília Teimosa

Pesquisa aponta que alto nível de informalidade não reduz relevância das micro e pequenas empresas nas comunidades

editoria de Economia
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Publicado em 05/05/2015 às 10:00
Sérgio Bernardo/JC Imagem
Pesquisa aponta que alto nível de informalidade não reduz relevância das micro e pequenas empresas nas comunidades - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O tamanho da empresa pode ser micro, mas a vontade de crescer é grande entre os empreendedores do Pina e de Brasília Teimosa, bairros da Zona Sul do Recife. No entanto, faltam informação e capacitação para seguir em frente. Essas e outras análises podem ser feitas a partir dos dados da pesquisa Sebrae Pernambuco em parceria com o Instituto JCPM e o Instituto Fecomércio, que mostra a importância desses empreendimentos para as comunidades, apesar do alto nível de informalidade dos negócios.

Edvânia Galvão, 30 anos, está nas estatísticas da pesquisa, que aponta as mulheres como principais empreendedoras no bairro de Brasília Teimosa. Proprietária da lavanderia Lava Express, ela morava em Jaboatão dos Guararapes até pouco tempo atrás e a mudança para a comunidade recifense fez parte de suas estratégias para melhorar o negócio. “Meus clientes estão todos por aqui e a mudança reduziu muito os custos”, conta Edvânia.

Inscrita como Micro Empreendedora Individual (MEI) há quatro anos, Edvânia já fornece notas fiscais, o que lhe permite ampliar a clientela para empresas. A lavanderia funciona nos fundos da casa alugada onde mora com o marido, Jacson Estanislau, 30, e a filha Samara, 8, que também estão empreendendo. Jacson usa a parte da frente da casa para tocar um mercadinho, que já existe há um ano, desde que ele perdeu o emprego de porteiro. E Samara, que gosta de moda e faz croquis, diz que vai ter uma loja pra vender “tudo”, inclusive roupas e arroz. Enquanto a filha sonha, Edvânia realiza: entrou na faculdade de contabilidade e quer expandir o negócio, comprar mais máquinas e aumentar o espaço da lavanderia.

Jacson também já é MEI. Mas o casal faz parte de uma minoria formalizada. Segundo a pesquisa, em Brasília Teimosa 63,9% não têm CNPJ e 38,2% desconhecem a lei do MEI, cujo pagamento mensal de até R$ 45 cobre o autônomo no INSS e de tributos sobre atividades comerciais.

Os percentuais são semelhantes no Pina nesses aspectos e também em outra característica que comprova o perfil de microempreendedor: a maioria fatura até R$ 60 mil anuais, o limite de enquadramento do MEI.


O levantamento indica ainda que esses empreendedores são praticamente independentes de programas sociais: mais de 90% não recebem quaisquer verbas. Além disso, é grande o peso desses negócios para suas comunidades. Nas duas vizinhanças, os moradores do bairro representam entre 60% e 70% dos clientes. Os fregueses que vêm do entorno também são uma parcela importante no movimento do caixa.

A longevidade das empresas também foi contemplada na pesquisa: a maioria tem entre cinco e 20 anos. Porém, poucas são como o Império dos Camarões, que está na ativa há mais de quatro décadas.

O segredo, diz o empresário José Bezerra dos Santos (o Zezinho), está na qualidade do produto e no “olho do dono”. Colecionando clientes ilustres e famosos, locais e nacionais, ele se orgulha de ainda cuidar da preparação dos pratos e de manter em seu cardápio o camarão do mar, em vez do de cativeiro. Agora, aos 65 anos, decidiu abrir a primeira filial, que será em Porto de Galinhas (Litoral Sul do Estado). “Eu mesmo vou cuidar”, assegura.

 

INSTITUTO JCPM - Os dados apontam ainda que muitos desses empreendedores não participaram de cursos ou outros treinamentos para melhorar seu desempenho individual ou do seu negócio. A analista do Sebrae Pernambuco Ísis Lira diz que outros números da pesquisa explicam isso: cerca de 90% dessas pessoas nunca tiraram férias, quase todos abrem de domingo a domingo e a maioria trabalha entre oito e 12 horas por dia.

“Por mais que saibam da necessidade de melhorar, eles têm dificuldade de reservar tempo para aprender, porque estão imersos no trabalho, como qualquer empreendedor”, comenta Ísis, “e com a orientação técnica correta, eles podem expandir muito sua atuação, uma vez que a clientela do entorno ainda pode ser mais explorada”, avalia Ísis Lira.

As ações do Sebrae nos bairros são fruto da parceria entre o Instituto Fecomércio e o Instituto JCPM, que tem atuado nas duas comunidades com treinamentos para este público. A coordenadora de Desenvolvimento Social do Grupo JCPM, Fábia Siqueira, diz que a dificuldade de horário é uma das características apontadas pelo estudo que vão servir de base para a elaboração de novas capacitações. Um novo curso já será oferecido até o fim deste mes. “A pesquisa confirmou as impressões que já tínhamos e trouxe vários dados para que possamos planejar novas ações”, comenta Fábia Siqueira.

O Instituto JCPM tem diversas ações de qualificação gratuitas voltadas ao empreendedorismo desde 2009. São treinamentos para futuros gestores, para quem já tem um negócio e para empregados de micro e pequenas empresas. “Nós trabalhamos no eixo de empreendedorismo social, para potencializar posturas individuais e coletivas, com qualificação profissional e requalificação dos negócios locais”, esclareceu Fábia. Somente no ano passado, cerca de 240 pessoas participaram de palestras, oficinas e do Forme, um treinamento específico para empreendedores.

Os interessados podem se inscrever na própria instituição, que fica no RioMar Shopping, na Avenida República do Líbano, 251, Pina. O telefone é o 3878-0001, com atendimento das 8h às 22h.

Veja pesquisa de Brasília Teimosa

 

Veja pesquisa do Pina

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