Crise

Política é a maior preocupação das empresas de Pernambuco

A frente da inflação e alta do dólar, instabilidade política preocupa 77% dos entrevistados em pesquisa

Da editoria de economia
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Publicado em 19/07/2015 às 6:50
Foto: Ricardo B. Labastier/ JC Imagem
A frente da inflação e alta do dólar, instabilidade política preocupa 77% dos entrevistados em pesquisa - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/ JC Imagem
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Muito além dos números negativos que pressionam seus caixas e seus clientes, donos de empresas de médio e grande porte do Estado preocupam-se com a instabilidade política do País. De acordo com os resultados do 3º Termômetro Empresa LIDE Pernambuco/Ibope, 77% dos 200 entrevistados consideram o cenário político brasileiro o tema mais preocupante para a economia este ano, bem acima de fatores como inflação em alta e encarecimento do dólar. Uma frustração que se reflete em danos ao cotidiano: 41% planejam demitir e 44% acreditam que a situação dos seus negócios agora está pior do que no mesmo período de 2014.

O Termômetro Empresa é uma pesquisa do Ibope Inteligência com integrantes do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) de Pernambuco - que reúne 85 empresas públicas e privadas com faturamento acima de R$ 50 milhões, além de instituições como secretarias de governo e sindicatos. O levantamento, que avaliou mais de 10 itens relacionados à expectativas dos empresários, está em sua terceira edição no Estado e é a primeira vez que é feito pelo LIDE fora de São Paulo. A primeira coleta de dados em Pernambuco foi divulgada em março, a segunda em abril e a terceira no mês passado.

Com as três edições deste ano, a pesquisa aponta que as perspectivas dos empresários variaram pouco no primeiro semestre (veja infográfico) e tendem ao pessimismo. A maior parte dos entrevistados (40%) acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano vai ser negativo entre 1% e 2%. No início deste mês, o Fundo Monetário Internacional revisou para baixo a crescimento do PIB brasileiro: saiu de -1% para -1,5%. Outro dado que reforça o ceticismo do empresariado é que a previsão de receita para este  ano também piorou: 32% acreditam que terão resultados menores do que em 2014, maior índice até agora.  

POLÍTICA

Para o presidente do LIDE Economia, Jorge Jatobá, os resultados da pesquisa seguem o sentimento de líderes empresariais em nível nacional e reforçam a tese de que a crise atual é mais política do que econômica. Ele explica que a Presidência da República é uma instituição muito importante no Brasil e que a representatividade dela está ameaçada no momento. "Essa instabilidade gera incerteza, quer na cabeça do consumidor, quer na do empresário. E, na economia, expectativa é muito importante. Se ela é negativa, todos se retraem", explica. Segundo o 3º Termômetro Empresarial, 88% consideram a administração de Dilma Rousseff ruim (19%) ou péssima (69%). Jatobá acrescenta ainda que a operação Lava Jato, além de travar setores econômicos com o congelamento das empresas envolvidas, agrava esse quadro, pois "aumentou a descrença no sistema político". Por outro lado, localmente os empresários parecem satisfeitos. A pesquisa aponta que 47% consideram a administração do governador Paulo Câmara ótima (6%) ou boa (41%); e 65% veem o prefeito do Recife, Geraldo Julio, conduzindo uma gestão ótima (12%) ou boa (53%). 

Mesmo reforçando que 2015 se manterá com um ano austero para as empresas, o economista Jorge Jatobá comenta que os resultados de Pernambuco, mesmo em desaceleração, ainda estão acima da média nacional. Em 2014, enquanto o PIB do Estado cresceu 2%, o brasileiro ficou estagnado em 0,1%. "A indústria de transformação cresce pouco, mas está crescendo. Temos vários empreendimentos que saíram da fase de instalação em estão em produção", ressalta o presidente do LIDE Economia. Ele acredita que é possível passar por 2016 com perspectivas de retomada de crescimento. "O govenador Paulo Câmara está comprometido, Pernambuco está fazendo seu dever de casa e é um Estado que se mostra mais equilibrado do que a União", opina. 

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