FINANÇAS

Situação dos devedores da RMR se agrava

Pesquisa da CDL mostra que inadimplência aumentou. Saiba o que fazer, já que a tendência é piorar

Emídia Felipe
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Emídia Felipe
Publicado em 12/01/2016 às 9:07
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Pesquisa da CDL mostra que inadimplência aumentou. Saiba o que fazer, já que a tendência é piorar - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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Comprar o mínimo possível e renegociar dívidas – aproveitando que os credores estão muito dispostos a negociar, inclusive com isenção de juros. O conselho para a população da Região Metropolitana do Recife é do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL Recife), Eduardo Catão, diante dos números preocupantes do avanço da crise econômica sobre as famílias. A situação deve se agravar nos próximos meses.

Os dados foram divulgados na segunda-feira (11) pela instituição. A pesquisa se refere a dados coletados em dezembro do ano passado e vários dos resultados que indicam agravamento da situação dos devedores apresentaram piora em relação aos números de 2014. A quantidade de dívidas com valor entre R$ 1 mil e R$ 2 mil aumentou 4,6 pontos percentuais, alcançando 16,8%. Na faixa acima desta, de até R$ 4.999, o avanço foi de 9,6 p.p., chegando a 13,9%.

Além disso, a quantidade de pessoas cuja renda familiar está comprometida com dívidas entre 11% e 30% saltou de 7% para 23%. Outros dados que ilustram a deterioração é que, embora tenha sido registrada retração de novos inadimplentes (pessoas com dívidas vencidas há mais de 90 dias), aumentou a quantidade do tipo mais “grave”: os inadimplentes com dívidas em aberto há mais de seis meses. Eles eram 2% em dezembro de 2014 e passaram a ser 14,1% no mês passado.

Os dados da CDL reforçam o contexto recessivo já desenhado pela Fecomércio Pernambuco no fim do ano passado, quando a instituição mostrou que 52,6% dos pernambucanos estavam endividados.

Com o avanço das demissões e o encerramento de pagamentos de seguro-desemprego, a tendência é que o quadro da inadimplência piore no Estado, pontua o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos. “As famílias ficam em uma situação muito delicada: ou pagam dívida ou destinam o dinheiro para bens essenciais, como alimentação”, diz Ramos.

SAINDO DA LAMA - De acordo com a pesquisa da CDL, também cresceu o volume de pessoas que não sabem o quanto suas dívidas comprometem o orçamento familiar: eram 27% em 2014 e foram 48,9% em 2015. Psicóloga com experiência na área de inadimplência e compra compulsiva, Luciana Gropo explica que o desconhecimento da dívida e o peso dela na vida da família são comuns entre devedores. A resolução do problema passa tanto por passos básicos – como passar a anotar os gastos e negociar os débitos –, quanto por questões psicológicas. “É preciso identificar os pensamentos permissivos para poder combatê-los, como o ‘eu mereço’ ou o ‘é só hoje’. Eles facilitam o gasto desnecessário e a falta de controle sobre as despesas”, destaca.

Ela esclarece que a pessoa precisa aceitar a situação difícil e a condição de devedor. “Tem que admitir que isso é um problema e acreditar que pode resolvê-lo”. Como exemplo de atitudes benéficas, ela cita mudanças simples, como passar a acompanhar a fatura do cartão de crédito. “Também tem que se questionar: eu preciso disso? Quanto isso realmente fez falta nos últimos tempos?”, orienta.

Atitudes que podem amenizar uma das causas mais cruéis para a situação dos inadimplentes da RMR: a falta de dinheiro. Segundo a pesquisa da CDL, caiu de 82% para 60% o número de devedores que pretendem quitar dívidas com o salário, enquanto subiu de zero para 4,6% o de quem vai recorrer a empréstimos para isso.

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