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Jogos de azar: Ministério Público teme incentivo à lavagem de dinheiro

Polêmica dos jogos também gira em torno do risco de viciar as pessoas

Renato Mota
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Renato Mota
Publicado em 19/05/2016 às 7:10
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Polêmica dos jogos também gira em torno do risco de viciar as pessoas - FOTO: Fotos Públicas
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Apesar do potencial na arrecadação, o Ministério Público Federal é contra a proposta, uma vez que há risco de incentivo à lavagem de dinheiro e à corrupção. Outro ponto questionado é a capacidade que os jogos de azar têm de viciar as pessoas, fazendo com que percam o controle das suas apostas.

A psicóloga do Hospital das Clínicas de São Paulo, Mirella Mariani, é especializada em transtorno do jogo, e trabalha no Programa Ambulatorial do Jogo Patológico do Instituto de Psiquiatria do hospital. “O pôquer online combina a disponibilidade de acesso pela internet a qualquer hora do dia, em qualquer país ou moeda com os fatores de risco para a dependência de jogo. Desta maneira, para um jogador que apresentar vulnerabilidade para o problema, permanecer horas em exposição ao comportamento, apostando e sendo desfiado, recebendo reforços de premiações ou estímulos de alcances em disputas bancadas por alavancagem, jogar online passa a apresentar maior risco”, avalia a psicóloga.

De acordo com a especialista, a maior parte da população que se expõe ao comportamento não se torna viciada, porém, dados iniciais sobre a prevalência de jogo de azar no Brasil indicam que 1% da população preenche critérios para jogo patológico e 1,3% para jogo-problema, além de mostrar que 12% da população realiza apostas regularmente (uma vez por mês). “Para esta população é fundamental a busca de tratamento por equipe especializada em centros de cuidado, que consiste em acompanhamento por equipe multiprofissional de psicólogos, psiquiatras, educador físico, economista e enfermeiro. As diretrizes principais no tratamento são: a supressão do comportamento de jogo problemático, reparo dos problemas causados pelo jogo, promoção da saúde geral (mental e física) e promoção de qualidade de vida”, completa Mirella.

No seu trabalho no ambulatório, a psicóloga conta que quando jogo estava regularizado no Brasil, a unidade tinha filas de 300 pessoas para triagem duas vezes por semana, “ou seja, eram cerca de 600 pacientes muito graves nos procurando para tratamento. A exposição ao comportamento certamente possibilitou que maior número de pessoas desencadeassem o problema da dependência, o que hoje não ocorre mesmo sabendo que existem casa clandestinas funcionando no País e com parte de jogos disponíveis legalmente no Brasil”.

Para a especialista, “a regularização de cassinos, se ocorrer, deveria ter uma regulamentação bastante protetiva para que pessoas com potencial de dependência fossem protegidas.” “Caso tenha ido a uma cassino deve ter notado que ele não tem janelas, relógios, toca músicas estimulantes quando prêmios são concedidos, todos estes estímulos propositais para estimular o comportamento de jogo, o que certamente deveria ser regulado para não prejudicar um possível dependente”, acredita.

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