Homem consegue vaga como eletricista após pedir emprego no sinal da Agamenon

Um dia após fazer apelo no sinal da Avenida Agamenon Magalhães, Thomaz Richard Cordeiro, 33 anos, conseguiu um emprego. Nesta quinta-feira (16) pela manhã, um empresário viu a cena na rua e, depois, leu a matéria publicada no Jornal do Commercio. Na mesma hora, mandou buscar o desempregado no ponto para uma entrevista. Até a próxima segunda-feira (20), Thomaz deve começar o trabalho de eletricista em uma obra da construtora Vilart. "Estou radiante de felicidade. Ir para a rua valeu à pena. É a melhor agência de trabalho do mundo", afirmou o ex-segurança. 

Thomaz conseguiu visibilidade após pedir emprego no sinal da Avenida Agamenon Magalhães, a principal avenida do Recife, com um cartaz. "Preciso de um trabalho", afirmava com letras garrafais. Ele está desempregado há 7 meses, desde que largou o trabalho como segurança patrimonial em Campina Grande para viver ao lado da mulher e da filha, em Pau Amarelo, Paulista. Nessa quarta-feira (15), foi seu primeiro dia na rua. Após madrugar em agências do trabalho, sobreviver de bicos e batalhar para ajudar a sustentar a esposa e uma filha, veio a consolação. 

Documento Suape 2015. Veja a seção Desemprego e Frustração sobre a situação após o fim das obras.

Foi o diretor da Vilart, Paulo Pacífico, que promoveu a oportunidade. Segundo o empresário, passou de carro pela avenida na manhã desta quinta-feira e viu o rapaz. A cena surpreendeu até mesmo seu filho de 8 anos. "Meu filho virou para mim e disse 'não é possível, papai, você tem uma empresa. Será que não pode arranjar um trabalho para ele?'. Já fiquei tocado pela situação. Depois, quando cheguei no trabalho, minha secretaria mostrou a matéria", relata Paulo. 

Depois, Paulo enviou a secretária em um carro para pegar Thomaz no sinal. O desempregado passou por uma entrevista de emprego para ver em qual área se adaptaria melhor e ficou como eletricista. Tudo isso ocorreu pela manhã.  Confira oportunidades de emprego e de qualificação profissional no blog Há Vagas.

"Eu já visitei a obra e fui apresentado a meus companheiros de trabalho. Só falta, agora, resolver a papelada para começar oficialmente. Estou radiante de felicidade, mas quero me estabilizar nesse emprego e poder cumprir o meu papel de pai de família", relatou Thomaz, que tem dois filhos de 9 e 3 anos. O mais novo mora em Gravatá, no Agreste do Estado. "Nesse período não tive como ajudá-lo com escola, roupa, alimentação. Agora, vou cumprir com minha obrigação", afirma com alegria. 

OPORTUNIDADES

"Com essa crise econômica, para onde eu vou? Ficar em casa é que eu não". É com esse pensamento que Gustavo José da Silva, 43 anos, também vai pedir emprego todos os dias no sinal da Avenida Agamenon Magalhães, próximo ao Hospital Português, pedir emprego. Há uma semana, sua rotina é segurar um banner em frente a centenas de carros, sob o sol quente, em busca de um trabalho como motorista de carro ou caminhão. Ele é mais um brasileiro que investe na criatividade e se esforça para conseguir se virar em meio ao período político-econômico difícil.  

Gustavo está desempregado há 8 meses. Ele largou o emprego na construção civil para investir em um mercadinho. Porém, devido à falta de movimento, faliu. Tentou retornar para o cargo anterior, mas não conseguiu devido à crise. "A empresa em que eu trabalhava já colocou muita gente para fora e continua a demitir. Não tem condições de contratar, então decidi voltar a ser motorista. A solução que eu arranjei foi essa. Aqui na rua tem esperança", afirma o ex-servente, que já trabalhou como armador e motorista. 

O horário em que Gustavo fica no sinal é das 5h30 ao meio-dia. A sua jornada não é solitária. Muita gente para e conversa, mesmo com o pouco tempo no sinal.  Dá tempo de apenas gritar "boa sorte, Gustavo" e de passar informações sobre locais que estão contratando. "Hoje, me disseram que tem 40 vagas para motorista na Agência do Trabalho da Rua da Aurora. Lá, é muito difícil porque há muitos desempregados, mas vou tentar", comenta. O telefone dele é o (81) 98478-1191 ou (81) 98610-9374.